Os familiares dos 16 reclusos que morreram no ano passado vítimas de fome no Centro Penitenciário de Mieze, na província de Cabo Delgado, ameaçam processar a ministra da Justiça, Benvinda Levi, e o director-geral dos Serviços Nacionais Penitenciários (SERNAP), o general Eduardo Mussanhane.
Segundo apurou o Canalmoz, os familiares têm estado a se reunir na cidade de Pemba, tendo já contactado a Liga dos Direitos Humanos para os assessorar, na queixa-crime.
Fontes dos familiares disseram que já contactaram a LDH em Pemba e que “neste momento aguardam algumas certidões de óbitos que o hospital deve fornecer”.
Lembre-se que em Mieze, 16 reclusos teriam morrido por causa da fome no ano passado.
São eles nomeadamente, (1) -Joaquim Ntumuke, (2)-Bacar Abdala, (3)-Miguel Kayatole, (4)-Nafasse Anlaue, (5)-Cassiano Luis, (6)-Raisse Bisaide, (7)-Mustafa Sumail, (8)-Pedro Almeida e (9)-Assane Saide, (10)-Bacar Morane, também conhecido por Negro, (11)-Nivero Wonene, e (12) -Cosme Chino Cuadao, falecidos de Janeiro a Marco de 2013 e (13)- Januário Lourenço, no dia 26 de Abril, (14)-Mundo Mutuli, no dia 23 de Maio, (15)-Elias Maurício e no dia 4 de Junho em curso (16)-Sofre Manuel, que morreram em 4 de Abril do mesmo ano.
Governo nega que reclusos tenham morrido a fome
Contactado esta terça-feira, o Gabinete de Imprensa da ministra da Justiça disse não ter conhecimento do processo-crime contra Benvinda Levi.
“Não temos conhecimento, nem sabemos das razões dessa queixa. Estamos à espera” disse o assessor de Imprensa, Elias Matsinhe.
Contudo disse que a morte dos 16 reclusos no ano passado, na Penitenciária de Mieze, não estava relacionado com a fome, muito menos com as más condições.
“Não seria justo dizer que morreram por causa da fome. O que sabemos é que os reclusos morreram por causa de várias doenças e as pessoas querem associar essas mortes com o facto das pessoas estarem na cadeia, como se estivessem fora nada poder-lhes-ia acontecer”, disse o assessor.
Mais reclusos morrem
Mais três reclusos morreram entre finais de Janeiro e princípio de Fevereiro corrente na Cadeia Provincial de Pemba, vítimas de fome (anemia) derivada das condições nutricionais.
Segundo as nossas fontes, são eles, Amade Alberto, que morreu no dia 31 de Janeiro, Amido Amade, 30 de Janeiro, e Kuentanau Choke, que perdeu a vida a 7 de Fevereiro.
Nos finais de Janeiro, o director-geral do SERNAP, Eduardo Mussanhane, visitou o Centro Prisional de Mieze, onde constatou que tanto os reclusos como os oficiais comem feijão podre preparado com água.
Há uma semana, a Cadeia Provincial de Pemba estava a enfrentar problemas de falta de combustível, o que condicionou a ida dos reclusos aos tribunais.