Politica Mais um grupo ameaça inviabilizar eleições

Mais um grupo ameaça inviabilizar eleições

A Renamo já anunciou diversas vezes que “não vai participar nas próximas eleições e nem vai deixá-las acontecer”.  Agora mais um grupo, composto por antigos combatentes da guerra civil, veio ao público fazer a mesma ameaça de inviabilizar eleições.

O presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, Hermínio dos Santos, acompanhado por outros antigos militares da guerra dos 16 anos, também denominada Guerra Civil, concedeu entrevista ao Canalmoz para anunciar um ultimato ao chefe de Estado, Armando Guebuza. Ameaça que se o PR não receber o grupo deste fórum ainda este ano, eles irão inviabilizar as eleições.

Os desmobilizados de guerra travam uma longa batalha pela revisão da sua pensão de aposentação, dos actuais 600 meticais para 20 mil meticais/mês. (Um USD está cotado oficialmente em cerca de 29,00 MT e um Euro 40,00 meticais).

“Desde 2005 temos vindo a marcar audiência com o presidente e até hoje não fomos recebidos. Queremos conversar com o presidente Guebuza, o mais rápido possível, antes da realização das eleições autárquicas”, avançou Hermínio dos Santos. Segundo este grupo de desmobilizados, Guebuza encontrou-se recentemente com os antigos combatentes da Luta de Libertação Nacional, em detrimento dos desmobilizados da Guerra Civil. Queixam-se de que estão desde 2005 a tentar encontrar com o chefe de Estado mas este nunca os recebeu. Hermínio dos Santos está indignado com o PR por não ter arranjado tempo para os receber mas ter arranjado tempo só para os antigos combatentes da Frelimo.

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“Se hoje Guebuza é presidente é graças a nós que trouxemos a democracia ao País”, disse Hermínio, exigindo, por isso, tratamento equitativo. “Parece que só éramos gente quando estávamos a morrer na guerra. Agora que estamos em Paz já não somos nada?”, observa.

Questionado como é que o grupo pretende impedir a realização das eleições, Hermínio disse: “As eleições não se realizam na presidência, mas, sim, na base, lá nos bairros onde nós, os desmobilizados, estamos. É lá onde nós vivemos. E é a partir de lá onde vamos impedir que o processo ocorra”, ameaça.

Hermínio dos Santos, que se fazia acompanhar por alguns membros do fórum que dirige, disse que os desmobilizados e ele próprio não têm receio da violência que poderão sofrer por esta pretensão de boicotar as eleições. Diz que ele e os outros desmobilizados estão dispostos a morrer por esta causa.

“Nós somos pobres, não temos nada e não vamos perder nada. Eles vão mandar os seus Polícias para controlar as eleições. Nós vamos arrancar as armas dos Polícias e fazer com que o povo não vá votar. Estamos dispostos a morrer por esta causa, que achamos ser justa”, afirmou Hermínio dos Santos.

“Eles respeitam a Renamo porque tem armas, negoceiam com eles e a nós desde 2005 não nos recebem. Quando reclamamos uma pensão justa, mandam a FIR para nos meter água suja e torturam-nos desumanamente”, diz em conclusão.