Há uma nova versão sobre o incidente ocorrido há duas semanas na Cadeia Distrital de Marracuene, na província de Maputo, que resultou na morte de uma mulher que em vida respondia pelo nome de Fátima Magaia. A bala que matou a mulher mãe de dois filhos foi disparada por um guarda prisional, alegadamente quando perseguia um recluso evadido. A nova versão dos factos aponta que a fuga do recluso teria sido premeditada e o guarda subornado com o valor de 7 mil meticais e uma embalagem de “Tentação”. O mesmo guarda, simulando perseguição ao fugitivo acabou assassinando uma mulher que passava pelas imediações do estabelecimento prisional.
Alguns funcionários do estabelecimento prisional admitem que o agente prisional José Leonardo Matingue, que na ocasião da fuga estava em serviço, teria combinado com o recluso Barbamo Mussagy Cassamo, as circunstâncias em que devia se evadir, a troca dos referidos favores. A fuga do recluso aconteceu na manhã do domingo da semana antepassada por volta das 7 horas quando o guarda abriu a cela para tirar o efectivo dos reclusos, a fim de apresentar a um outro agente que entraria em serviço naquele dia.
No acto da perseguição do recluso, o guarda prisional teria disparado um tiro ao ar e o segundo tiro de forma horizontal numa tentativa supostamente para atingir a perna do fugido. A mesma bala ao invés de atingir o recluso, viria a alcançar mortalmente uma mulher de 35 anos que se encontrava de passagem a 150 metros do local onde se encontrava a disparar o agente José Leonardo Matingue.
A mulher, mãe de dois filhos menores, o primeiro de sete anos resultante do primeiro casamento e o segundo com o marido com quem vivia, viria a perder a vida no Centro de Saúde de Marracuene, na sequência do grave derramamento de sangue que resultou do baleamento.
O primeiro filho da vítima, com a morte da mãe, ficou órfã de pai e mãe.
À espera dos resultados de inquérito
Em declarações exclusivas ao Canalmoz o director da Cadeia Central de Maputo, Castigo Machaieie, entidade que tutela as cadeias distritais da província de Maputo subordinadas ao Ministério da Justiça, disse que inquérito interno está a decorrer sobre as circunstâncias do incidente.
Castigo Machaieie deu a conhecer que os resultados do inquérito poderão ser conhecidos na presente semana. Acrescentou que neste momento um processo contra o agente prisional encontra-se na Procuradoria Distrital de Marracuene.
A fonte disse que em função do inquérito em curso, vai ser aberto um processo disciplinar contra o guarda prisional caso se apure a responsabilidade do mesmo.
O director da Cadeia Central de Maputo negou falar sobre as alegações de que o agente teria sido subornado e combinado com o recluso para facilitar a sua fuga.
Contudo, admitiu que o inquérito poderá determinar a veracidade ou não dessas alegações.
Pedido de ajuda à Casa do Gaiato
Num outro desenvolvimento, Machaieie disse que em relação ao primeiro filho da falecida que ficou órfã de pai e mãe, a sua entidade já pediu apoio à Casa do Gaiato no distrito de Boane, no sentido de acolher a criança, tendo o pedido sido aceite. A fonte afirmou que a criança vai entrar esta semana na Casa do Gaiato.
Sobre a responsabilidade do Estado de indemnizar a família da vítima como esta pede, o nosso entrevistado disse que tal vai depender da decisão do Tribunal, onde o processo se encontra.
“Em relação a isso, não posso adiantar nada. Tudo vai depender da decisão final do tribunal. Mas devo confirmar que a família quer uma indeminização”, disse Castigo Machaieie, adiantando “nós já explicamos à família que não foi um acto premeditado, mas, sim, um incidente”.
“Mas nós quando isso aconteceu sentamos com a família, explicamos as circunstâncias em que ocorreu o incidente, endereçamos os nossos sentimentos e assumimos todas as despesas fúnebres e do 7.º dia”, referiu a fonte que temos vindo a citar.
Sobre o incidente
O incidente que provocou a morte de uma cidadã ao ser atingida por uma bala disparada por um guarda prisional, aconteceu quando este perseguia um recluso de nome Barbamo Mussagy Cassamo, que se havia evadido das celas.
Na verdade, segundo o director da Cadeia Central de Maputo (Machava), o recluso não arrombou a porta das celas, mas, sim, aproveitou-se quando o agente prisional abriu a porta para conferir o efectivo a fim de fazer o relatório do seu trabalho. A fonte disse que não houve mais reclusos em fuga, apesar a situação provocada pela perseguição a Barbamo Mussagy Cassamo.
Versões contraditórias
Mas a contrariedade das versões apresentadas pelo Ministério da Justiça e pelo director que tutela aquela penitenciária deixa a história dos factos mal contada.
Anteriormente, em comunicado o Ministério da Justiça havia anunciado que o incidente ocorreu por volta das 11horas do domingo, mas agora o director da Cadeia Central de Maputo veio dizer que a tentativa de fuga e o ferimento que resultou na morte da mulher ocorreram nas primeiras horas da manhã quando o agente queria conferir os efectivos, acto que normalmente acontece por volta das 7 horas, dado que a rendição ocorre às 8 horas.