Sociedade Criminalidade Crime violento abala bairros da cidade da Matola

Crime violento abala bairros da cidade da Matola

Diversos bairros do Município da Matola, província de Maputo, estão a ser assolados por uma onda de crimes violentos perpetrados por grupos de malfeitores ainda desconhecidos.

Grupos constituídos por cerca de 20 pessoas andam à calada da noite, em residências onde, além de roubar diversos bens, torturam as famílias através de métodos bárbaros, incluindo passar à ferro e violação sexual de tanto homens como mulheres.

O fenómeno começou em São Dâmaso, mas agora alastrou-se para outros bairros suburbanos da Matola como Machava Socimol, Nkobe, T3, Ndlavela, Zona Verde, entre outros.

“É uma situação muito crítica”, disse Simião Cau, chefe de quarteirão 14 do bairro Ndlavela, um dos locais visitados pela AIM para se inteirar da situação.

“Estamos a assistir às cenas de crime em que homens munidos de diferentes instrumentos incluindo armas de fogo, que não sabemos donde é que vêm, agridem-nos, roubam e violam mulheres e crianças sem piedade”, acrescentou ele.

Relatos no terreno indicam ocorrência de vários crimes hediondos perpetrados por este grupo. Por exemplo, há dias, o grupo terá escalado uma casa onde violou sexualmente um casal, tendo o marido, que vinha doente, perdido a vida no local.

O grupo terá também invadido uma residência onde retirou diversos bens. Na altura, encontravam-se 15 homens todos munidos de armas de fogo. Além de armas de fogo, estes indivíduos levam consigo vários instrumentos com que arrombam portas e ferro de engomar com que queimam as suas vítimas.

A impunidade é tão descarada que os bandidos chegam a anunciar a sua chegada nos bairros através de panfletos que fixam na via pública.

As comunidades queixam-se da falta de patrulhamento policial, o que agrava ainda mais a situação. Por causa disso, a população decidiu fazer patrulhas nocturnas, envolvendo todos os residentes.

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Foi na sequência destes acontecimentos que os moradores do bairro Ndlavela reuniram-se, sábado, para traçarem medidas de patrulhas nocturnas, por conta própria.

Segundo a estrutura local, a medida visa manter a ordem e segurança públicas, uma vez que a polícia nunca se faz presente ao local para dar algum pronunciamento face a estes acontecimentos, muito menos para garantir a segurança dos moradores.

“Estamos a fazer o papel da polícia, com meios próprios, porque não existe nenhum patrulhamento aqui”, disse Simião Cau.

A fonte acrescentou que, como resultado do trabalho feito pelos residentes, já neutralizaram três indivíduos indiciados de fazerem parte do grupo que aterroriza as populações nos bairros.

Os indivíduos indiciados são duas adolescentes, cujos nomes não foram revelados, que foram encontrados a caminhar, durante a meia-noite, em estado de embriaguez, tendo, de seguida, sido acusados de tentativa de reconhecimento do terreno para, à posterior, passarem as informações aos restantes membros.

O terceiro individuo, cuja identificação também não foi possível apurar, foi encontrado, em flagrante, a retirar, de uma viatura, equipamento mecânico e faróis mas, neste momento, encontra-se em fuga.

Questionado sobre como é que fazem as rusgas, a fonte respondeu que “por motivos de sigilo, não estou em condições de dizer algo porque estaria a divulgar ao inimigo aquilo que são nossas estratégias de operação, mas a patrulha está sendo feita.

“Solicitamos a presença de pelo menos um ou dois polícias porque há casos que podem ser resolvidos pacificamente, mas também há outros que, fúria que temos, podemos seguir pela via do linchamento e temos que evitar chegar até a esse ponto”, disse um dos participantes da reunião.

RM