A falta de energia eléctrica no novo bairro onde foram reassentadas cerca de 100 famílias vítimas das cheias que em Janeiro último assolaram com gravidade os distritos municipais de KaMavota e KaMubucuane, na cidade de Maputo, está a propiciar espaço para actuação dos malfeitores na calada da noite.
O novo bairro é dividido em dois quarteirões separados pelo muro de vedação do Hospital Psiquiátrico de Infulene, arredores de Maputo. Nos dois quarteirões, já foram reportados casos de roubos a residências e violação a mulheres.
O acesso para os novos bairros é feito a partir da Estrada Nacional Número Um (EN1) ou através da travessia do rio Mulauze. Raquenilde José conta que vivia no bairro de Inhagoia “A”, no distrito KaMubucuane. Disse que a comunicação entre os dois quarteirões é difícil depois das 22 horas devido a malfeitores no muro e nas mangueiras.
“Há dias, aproveitando-se da escuridão, um grupo de malfeitores violou uma menina que voltava da escola”, disse Raquenilde.
Por seu turno, Rabeca Timane, cujo terreno é último para entrar nas machambas feitas ao longo do rio Mulauze, para quem saí da EN1, queixa-se de ter sofrido roubado três vezes na sua residência à noite.
Mãe de quatro filhos conta que depois da destruição da sua casa em Laulane foi viver três meses no Centro de Acolhimento Força do Povo, no bairro de Hulene. Depois passou para KaMubucuane.
“Na calada da noite, temos sofrido roubos. Não sabemos donde é que vem. Aqui nada podemos deixar fora. Eles depois de roubarem saem e correm em direcção ao riacho”, disse.
Vereador diz que há movimentação de postes
O vereador do Distrito Municipal KaMubucuane, David Canguna, disse que já se garantiu a iluminação pública de um quarteirão, faltando atacar outro quarteirão.
“Até à altura que algumas famílias terminarem com as suas obras, a energia já estará disponível no novo bairro”, disse.
No que tange ao abastecimento de água, disse que foi aberto um furo mas os engenheiros do conselho municipal rejeitaram a estrutura que vai suportar os tanques, devendo ser feito de novo.
“Ninguém está a dormir ao relento. Todos receberam tendas, chapas de cinco e cimento. Sabemos que algumas pessoas não têm condições e o Governo nos próximos tempos deverá fazer alguma coisa para ultrapassar esta situação”.
No total estão reassentadas 95 famílias, das quais 60 são oriundos de KaMavota e 35 de KaMubucuane. O primeiro grupo a receber talhões e os respectivos DUATs foi a 20 de Março passado e o segundo entrou entre Abril e Maio. O conselho municipal deu a cada família um terreno de 15 X 9 metros, 12 chapas de zinco e 10 sacos de cimento.
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