Dados apurados junto dos serviços das actividades económicas, o distrito está há duas campanhas, a abastecer modestamente, mais de 1500 toneladas de fibra de Sisal a países como Espanha, Alemanha, Brasil e alguns mercados asiáticos.
Miguel Massunda Júnior, chefe das actividades económicas em Angoche, disse à nossa reportagem que o relançamento do Sisal é feito na localidade de Natire, onde existem 15 mil hectares daquele produto, empregando mais de 2500 pessoas em regime sazonal.
“Depois de mais de duas décadas de paralisação da prática do Sisal, uma cultura que em tempos colocou o nosso distrito na lista dos maiores produtores da região norte, alguns agentes económicos decidiram relançá-la, estimulados pela viragem das preferências do mercado internacional, com relação ao emprego de fios de origem sintética” – explicou Júnior.
Com efeito, se um fio feito de material sintético leva cerca de uma década e meia para se decompor, o de Sisal precisa de apenas meses para atingir o mesmo estágio, vai dai que determinados países colocarem restrições no uso dos primeiros.
O sisal pode igualmente ser utilizado na produção de estofos, pasta para indústria de celulose, produção de tapetes decorativos, remédios, biofertilizantes, ração animal, adubo orgânico e sacarias.
Para o caso especifico do nosso país, devido à baixa qualidade tecnológica, o sisal é apenas usado na produção de fios. Em virtude da paralisação da indústria de sacarias (que estava estabelecida em Nacala-Porto), o produto é direccionado exclusivamente ao mercado internacional.
Júnior, explica que há promessas dos investidores nacionais da área, de importação de novas tecnologias, com intuito de rentabilizar a actividade.
Em tempos funcionou na região de Angoche, mais concretamente em Natire, uma grande empresa Suíça do ramo de produção e processamento de Sisal, denominada Companhia de Culturas de Angoche (CCA) que era responsável pelo emprego formal e informal de muitas famílias camponesas.
Contudo, a CCA começou a baixar a sua produção devido à conjuntura socioeconómica mundial, que passou a usar mais fios de origem sintética, em detrimento dos orgânicos.
Porém, alguns supostos antigos trabalhadores da extinta CCA, em greve há cerca de duas décadas, altura em que a empresa foi adquirida por operadores privados, não desarmam da revindicação de exigir o pagamento dos valores das suas indemnizações e vencimentos em atraso que, alegadamente dizem ter direito, não obstante a decisão do governo e da Assembleia da República, de considerá-las improcedentes.
O grupo, que se diz estimar em cerca de 2.400 homens, ocupa na cidade de Angoche, o património imobiliário da ex-CCA, constituída por 17 imponentes residências, além de armazéns e oficinas de automóvel, inviabilizando desta forma qualquer acção visando o seu aproveitamento, reabilitação ou manutenção.
A estrutura da cobertura de alguns dos imóveis, afectadas pelos efeitos da passagem do ciclone “Jokwe” há cerca de dois anos, já permite a infiltração de águas pluviais, com todas as consequências que dai advêm.
A pintura já não é feita há muitos anos e, actualmente, as casas estão privadas do fornecimento de electricidade e água potável da rede urbana, encontrando-se algumas delas transformadas em locais de imundice.
Noticias