Duas pessoas morreram e outras quatro contraíram ferimentos graves na sequência da evasão de 63 reclusos ocorrida a meio da manhã de ontem na maior penitenciária da província de Inhambane.
Segundo o director da Cadeia Provincial, Mário Malije, das vítimas, um era fugitivo que encontrou a morte durante uma troca de tiros com a Polícia e outro é proprietário da viatura roubada pelos evadidos, na qual se fazia transportar parte deles, que foi atingido por uma bala.
Mário Malije conta que um grupo de 63 reclusos, entre detidos e condenados, dominou um guarda prisional, arrancando-lhe uma arma de fogo, para depois ferir o outro e apoderar-se de mais duas armas e pôr-se em fuga. Trata-se de duas armas do tipo AKM e uma pistola. Durante a fuga os presos foram assaltando viaturas até à sua neutralização pela Polícia, depois duma troca de tiros que culminou com a morte de duas pessoas.
O director da cadeira explicou que do trabalho desencadeado visando a sua localização foram recapturados 23 fugitivos, estando ainda a monte 42. Malije acrescentou que dos evadidos fazem parte assaltantes à mão armada que se encontravam alguns a cumprir penas e outros ainda aguardando julgamento.
“Temos aqui perigosos cadastrados, assaltantes à mão armada, entre eles um elemento das Forças Armadas de Moçambique e um antigo guarda da Casa Militar. Foram estes dois que lideraram o grupo que se evadiu da cadeia. O antigo guarda da Casa Militar foi abatido na troca de tiros com a Polícia, pois ele é que empunhava a arma. O outro comparsa abandonou a arma roubada na cadeia e foi capturado”, contou Malije.
A Cadeia Provincial de Inhambane tinha antes da evasão 291 reclusos, dos quais 105 detidos e 186 condenados.
Joaquim Mário, um dos fugitivos recapturados pela Polícia, em declarações ao “Notícias” negou ter havido antes uma acção planificada de evasão e que tudo aconteceu durante a entrega do almoço.
“Eu era o condutor das viaturas que fomos assaltando durante a fuga. O primeiro carro abandonámos porque tinha um código de segurança, o segundo não tinha combustível, era um “chapa”, o terceiro também era “chapa”. O quarto, um Honda do tipo CRV, era bom só que quando estávamos a sair do local chegou a FIR e durante a troca de tiros capotámos”, explicou o fugitivo, condenado a 14 anos de prisão maior por crime de furto.
De salientar que a última das quatro viaturas usadas pelos evadidos, com chapa de inscrição MMQ, a CRV, pertencia a Sérgio Vitorino Mário, funcionário da Procuradoria Provincial de Inhambane, que perdeu a vida na troca de tiros entre a Polícia e os fugitivos. O malogrado foi surpreendido pelos reclusos fugitivos quando regressava à sua casa, depois de participar na reunião provincial dos funcionários públicos dirigida pelo primeiro-ministro, que visita a província de Inhambane.
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