Sociedade Criminalidade Guerrilheiro da Renamo encontrado pela polícia nas matas

Guerrilheiro da Renamo encontrado pela polícia nas matas

O Conselho de Ministros analisou a situação, mas não tomou qualquer decisão em relação ao assunto.
Um ex-guerrilheiro da Renamo que fez parte do grupo que atacou, na madrugada do passado dia 4 deste mês, o posto policial na vila do Muxúnguè, em Sofala, entregou-se, ontem, às autoridades policiais, gravemente ferido.

O mesmo contou que foi ferido, com gravidade, na perna esquerda, no dia em que, na companhia de outros 14 ex-guerrilheiros, tentaram assaltar o posto policial de Muxúnguè, com o objectivo de libertar 14 companheiros seus que tinham sido detidos pela polícia, quando esta assaltou a sua sede.

O antigo guerrilheiro da Renamo acrescentou que, já em retirada, sem terem atingido os seus objectivos, foi transportado pelos companheiros e cerca de dois quilómetros depois pararam numa mata, tendo sido encostado e abandonado numa árvore, com promessa de os companheiros retornarem depois com reforço, o que não aconteceu.

Cinco dias depois, cansado de esperar, altamente debilitado, com a ferida já infectada e sem comida nem água, este ex-guerrilheiro decidiu gritar por socorro. A polícia, com apoio de agentes de saúde, levou o ferido até ao hospital local, onde foi de imediato observado.

O médico-chefe de Muxúnguè garantiu que o paciente – encontrado em estado crítico de saúde – foi assistido de imediato e seguirá viagem para o Hospital Central da Beira, onde lhe será amputada a perna, dada a gravidade do ferimento.

Informações ainda não confirmadas dão conta que um outro ex-guerrilheiro da Renamo terá sido capturado, ontem, na região de inchope. Este levava numa pasta fardamento e uma arma. De acordo com uma fonte no local, o mesmo tentava seguir viagem para Gorongosa, onde está o seu líder, Afonso Dhlakama.

Guerrilheiro da Renamo encontrado pela polícia nas matas

Normalidade

Entretanto, a vida tende a voltar à normalidade no posto administrativo de Muxúnguè. Na manhã de ontem, contrariamente aos últimos cinco dias, reiniciaram o comércio e o transporte de passageiros para diversos pontos do país, ainda que de forma tímida.

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Muitas lojas e bancas foram abertas e os vendedores ambulantes, aos poucos, vão preenchendo as ruas.

Em contacto com populares, a nossa reportagem ficou a saber que algumas pessoas tinham abandonado Muxúnguè para locais seguros, como as cidades da Beira, Chimoio, e ainda para os distritos vizinhos de Búzi, Machanga e Machaze. Outros contaram que estavam escondidos nas matas.

João Abreu, que comercializa ananás, contou, com certa tristeza, que saiu prejudicado nos dias em que teve que estar escondido. “Todo o meu produto acabou apodrecendo. Agora só me resta trabalhar para repor a perda. Apelamos à polícia para se entender com a Renamo, no sentido de não nos prejudicar”.

Ana Maria, vendedeira de castanha de caju e proprietária de duas bancas, visivelmente agastada, pediu à liderança da Renamo para encontrar outras formas de reivindicar aquilo que acha que deve ser resolvido.

Escolas fechadas

Nenhuma escola abriu as suas portas, ontem, ou seja, ainda não há aulas. Os professores e alunos não ousaram aproximar-se às mesmas. É que o medo continua a ser o denominador comum no seio de alunos e professores, tal como ao longo da semana finda. Aliás, um número considerável de professores e alunos está ainda fora de Muxúnguè.

Contrariamente, ao nível do sector de saúde, muitos técnicos e pessoal serventuário apresentaram-se nos seus postos de trabalho, e os utentes que afluíram ao Hospital Rural de Muxúnguè foram normalmente atendidos.

O médico-chefe de Muxúnguè reconheceu que alguns colegas andaram ausentes involuntariamente, mas tal facto não afectou os serviços básicos. Garantiu que “grande parte dos ausentes já tinha retornado e contribuiu grandemente para o principal hospital atender de forma satisfatória os doentes”.