Sociedade Meio Ambiente Até 2025 em Moçambique: Água para todos custa 30 milhões USD/ano

Até 2025 em Moçambique: Água para todos custa 30 milhões USD/ano

Entretanto, para garantir uma cobertura universal, meta a ser alcançada até 2025, esta cifra deverá sofrer um agravamento, passando para cerca de 30 milhões de dólares por ano.

Falando ontem a jornalistas, em Maputo, durante a celebração do 22 de Março, Dia Mundial da Água, Hélio Banze, Director Nacional Adjunto de Águas, no Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH), explicou que a carteira de investimentos está preconizada dentro dos planos nacionais de gestão de recursos hídricos e de abastecimento de água e saneamento, ao mesmo tempo sintetiza a vontade do Governo em querer ver os moçambicanos providos de água potável.

“Este esforço que temos estado a levar a cabo visa assegurar que até 2025 todos os moçambicanos que vivem nas cidades tenham água nos seus quintais e os que estão nas zonas rurais percorram distâncias mínimas para ter acesso à água. Mas para que isso se efective é necessário que os investimentos iniciem hoje”, disse Hélio Banze.

Questionado sobre a qualidade de água que os moçambicanos consomem, a nossa fonte respondeu nos seguintes termos: “A qualidade de água que os moçambicanos consomem está dentro dos padrões aceitáveis. Claramente que a água para ser consumida tem de ser tratada, o que é assegurado pelas empresas estabelecidas aqui no país”.

E quanto à qualidade da água dos rios que correm em Moçambique, Hélio Banze disse: “Nós julgamos que a qualidade da água dos nossos rios está dentro dos parâmetros estabelecidos e aceitáveis mundialmente”.

Até 2025 em Moçambique: Água para todos custa 30 milhões USD/ano

Falou ainda da necessidade de se criarem mais infra-estruturas para garantir uma melhor gestão do precioso líquido.

“Estou a falar concretamente de barragens que nos permitam ajudar a minimizar aquilo que são os impactos que possam emergir dos eventos extremos climáticos como são os casos de chuvas excessivas que depois causam problemas de inundações tanto nos países a montante, mas também a jusante”, disse.

Na sua intervenção, Patrício José, Reitor do Instituto Superior de Relações Internacionais e Diplomacia (ISRI), falou da relação existente entre a água e o poder. E explicou: “A água é poder porque sem ela se está desprotegido. É poder porque se alguém gere água e a aloca para os diferentes usos, efectivamente, acaba moldando a postura e os interesses das partes que merecem essa água”.

No seu tema “A Água como instrumento para a promoção da paz, desenvolvimento e estabilidade regional”, Patrício José afirmou igualmente que, na relação entre estados se um, que esteja, por exemplo, a montante e controla água de tal forma que o está a jusante não tenha acesso a este recurso então está a exercer o poder no sentido de poder até medir o seu nível de desenvolvimento na base do controlo de água.

“E é aí que nós estamos a dizer que na região da África Austral, através dos mecanismos de cooperação, é preciso assegurar que todos os estados, independentemente de se estão a montante ou a jusante, tenham acesso justo a este recurso precioso de vida. É só imaginar que um agricultor acorde e, de repente, não tem água para irrigação. Então condiciona-se todo um conjunto de atitudes na base do recurso água. Então, nós temos de, na minha opinião, promover uma diplomacia regional que permita que haja uma partilha justa deste recurso essencial para a vida humana”, disse, adicionando que a água deve ser usada na perspectiva de assegurar a sua justa distribuição por todas as partes envolvidas na cooperação regional.
Explicou ainda que as mudanças climáticas colocam o Continente Africano em dois extremos: ou há escassez ou há abundância prejudicial, por causa das cheias. Logo, todos os projectos de desenvolvimento têm de estar, segundo o Reitor, ajustados a esta realidade, isto para que no momento de escassez se tenha um mínimo de capacidade de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

E isto passa por ter-se mais barragens que permitam conservar água para posterior utilização no período de escassez.

Por outro lado, no período de abundância prejudicial deve-se criar capacidade de gerir os prejuízos, regulando a própria circulação da água sem prejuízo das comunidades.