Sociedade Saúde Médicos tradicionais de Cabo Delgado recebm capacitação

Médicos tradicionais de Cabo Delgado recebm capacitação

 O sector de Saúde, em Cabo Delgado, realizou no ano passado, uma série de formações envolvendo praticantes da medicina tradicional, focalizando a necessidade destes encaminharem os pacientes que procuram seus serviços, às unidades sanitárias, sobretudo aqueles que padecem de doenças que eles não podem curar, tais como tuberculose, cólera, lepra, HIV/SIDA, entre outras.
Médicos tradicionais de Cabo Delgado recebm capacitação

De acordo com António Mesa, focal da medicina tradicional na direcção provincial de Saúde, no total foram capacitados 160 praticantes, num programa que está a ser financiado pelo Banco Mundial.

Recentemente, 50 curandeiros dos distritos de Balama, Chiúre, Namuno, Montepuez e Ancuabe foram formados na sede do Posto Administrativo de Metoro, em matéria de cuidados sanitários primários, prevenção de doenças endémicas, entre outras.

António Mesa, disse ao nosso Jornal que, durante as formações, foi sublinhado que os praticantes da medicina tradicional devem deixar de internar doentes em suas residências e encaminha-los às unidades sanitárias para o seu tratamento. Mesa fez saber que as capacitações estão inseridas no desafio da medicina tradicional para a década de 2010/2020, período proclamado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para hajam mudanças entre esta medicina e a moderna.

Apontou que a maior parte da população vive nas comunidades rurais e procura, primeiro, a medicina alternativa e só mais tarde é que se apresenta aos hospitais, afirmando que é por esta razão que o sector da Saúde procura ter boas relações com os praticantes da medicina tradicional e dotá-los de conhecimentos básicos dos primeiros cuidados que devem proporcionar aos pacientes.

“Estamos a dizer aos praticantes da medicina tradicional que não podem usar a mesma lâmina para mais pessoas, que o lugar de partos é a maternidade, que nenhum médico tradicional deve internar doentes em sua casa. Portanto, com estas formações vamos aproximarmo-nos cada vez mais dos fazedores da medicina tradicional e isso vai ajudar a melhorar o nosso trabalho”- disse.

Entretanto, o Secretário Provincial da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO), Latifo Saíde, revelou que a província conta com 4787 praticantes da medicina alternativa reconhecidos pelo sector de Saúde, os quais foram atribuídos fichas que valorizam aquela actividade. A nossa fonte fez saber que a relação entre eles e a medicina moderna melhorou significativamente a partir do ano de 2010.

Fez saber que, um pouco por toda a província, nota-se o abandono da prática de internamento de doentes em casa dos praticantes da medicina tradicional afirmando que tal acontecia com muita incidência nos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Mueda, Muidumbe e Nangade mas, graças à intervenção da sua agremiação, a prática foi abandonada porque, de acordo com as suas palavras, a AMETRAMO tem estado a desencorajar aquela prática considerada inadequada.

Para Margarida Suety, praticante de medicina tradicional proveniente do distrito de Balama, mais concretamente na aldeia Marringa, com a sua capacitação ficou bem informada sobre certas doenças e o manuseamento da lâmina, afirmando que de agora em diante nunca vai usar a mesma para mais pessoas. Disse, por outro lado, que não mente aos seus clientes sobre a cura de doenças que não consegue curar.

“Curo certas doenças como epilepsia, dores de cabeça, de barriga, infertilidade feminina, mas não consigo curar a cólera, a tuberculose, SIDA e, quando aparecem pessoas que padecem destas doenças, eu dirijo-as ao hospital, porque seria injusto dizer que trato doenças quando de antemão sei que não sou capaz. Faço o mesmo para as mulheres grávidas, a quem as aconselho a darem parto na maternidade”- disse.

Esta posição foi corroborada por Deolinda Manuel, outra praticante da medicina tradicional proveniente de Chiúre, mais concretamente no bairro de Nahavara, que acrescentou que aconselha os clientes a trazer suas lâminas para a vacinação.