As queixas são levantadas num ano em que o lema de 3 de Dezembro foi “remover as barreiras para criar uma sociedade inclusiva e acessível para todos”.
Embora se reconheça melhorias da situação de ano para ano, Custódia Mário e Luís Leonardo, cidadãos com deficiência entrevistados pelo nosso Jornal na cidade de Maputo durante as cerimónias centrais da data, disseram que o grupo continua a enfrentar dificuldades para aceder a educação devido a falta de meios e/ou de professores formados para lidar com a sua condição.
No emprego persistem casos em que mesmo que a pessoa tenha melhores qualificações acaba sendo preterida em detrimento de uma outra por simplesmente ter deficiência física.
Cantol Pondja, presidente da Associação de Jovens Deficientes de Moçambique (AJODEMO), lamentou o facto de continuar-se a erguer infra-estruturas, incluindo públicas, sem rampas para facilitar o acesso de pessoas com problemas de locomoção.
“Era suposto que o Estado fiscalizasse devidamente as obras, mas mesmo algumas novas escolas não possuem aquele mecanismo, o que intensifica os problemas de acesso à educação”, disse.
Acrescentou que a agremiação com cerca de 2.500 membros e implantada em todas as capitais provinciais e em mais 36 distritos defende mais sensibilização para o fim de casos de descriminação das pessoas naquela condição, principalmente no seio das famílias, onde ocorrem os primeiros episódios.
Por sua vez, Angelina Lubrino, directora da Mulher e Acção na cidade de Maputo, que representou a ministra Iolanda Cintura nas festividades da data, reconheceu que o sector ainda debate-se com sérios desafios para criação de melhores condições para pessoas com deficiência. Apontou a falta de rampas e a necessidade da sociedade olhar para o deficiente como pessoa normal como parte das questões mais preocupantes.
“A pessoa com deficiência pode, apesar da sua condição, desempenhar cabalmente as funções que os demais membros da sociedade exercem pois a sua condição física não lhe tira a intelectualidade”, disse.
Revelou ainda estar em curso, pelo menos ao nível da cidade de Maputo, um inquérito visando apurar o número real das pessoas com deficiência, as suas especificidades e localização com vista a melhorar a assistência prestada pelo Estado. A ideia é que os dados estejam disponíveis até Julho do próximo ano