Economia Agricultura Uma tonelada de manga apodrece diariamente por falta de mercado

Uma tonelada de manga apodrece diariamente por falta de mercado

Uma tonelada de manga apodrece diariamente por falta de mercado
No distrito de Morrumbene, centro da província de Inhambane, estima-se que diariamente haja mais de uma tonelada de manga que apodrece por falta de mercados e de pequenas indústrias de processamento para fabrico de sumos e de outros derivados.
Neste momento que esta fruta começa a ficar madura um pouco por todo o distrito, produz-se manga e não há quem compre a produção doutro.

A Reportagem esteve em Morrumbene e nos povoados como Cambine e Malaia. As populações lamentam a falta de mercado para a venda da fruta, que bem aproveitada poderia dar alguns ganhos monetários às comunidades.

Beatriz Muhate, mãe de dois filhos, natural e residente no povoado de Cambine, é vendedeira de manga. Contou à nossa Reportagem que por dia consegue vender cem quilos de manga, uma quantidade que não supera a metade da sua expectativa de venda porque, segundo ela, por dia tira da quinta dos seus falecidos  avôs cerca de trezentos quilos de manga, mas não consegue vender nem a metade da sua colheita.
“Por dia eu e a minha irmã mais velha tiramos cada pessoa mais de duzentos e oitenta quilos de manga lá no terreno dos nossos avôs para ver se vendemos, ao invés de deixar apodrecer sem ganhar nada, mas não conseguimos vender metade daquilo que planeamos”,  explicou Beatriz Muhate.

“Não há quem possa comprar em quantidade para evitar este cenário que está a ver”, disse apontando para as mangas no chão, Jamisse Américo, proprietário de um pomar de mangueiras.
As populações de Morrumbene têm como o único mercado para a venda de manga a Estrada Nacional Número Um (EN1) que atravessa o distrito. É aqui onde em bacias e outros recipientes as populações vendem a manga aos passageiros dos autocarros e a outros transeuntes.

Não há sistema de conservação da fruta. Daqui a alguns meses, quando a época da colheira da manga passar as mesmas populações estarão a sofrer de falta de comida e certamente recordar-se-ão dessas mangas para enganar o estômago. Mas a pobreza não permite que as pessoas tenham sistema de frio para conservar a fruta e o Governo também pouco faz nesse sentido.

Um quilo de manga custa dois meticais (2 MT)

Desta manga que se vende na rua, um quilo custa dois meticais; um valor insignificante. Por exemplo, com um dólar compra-se 15 quilos de manga. Os produtores disseram ainda que este preço poderá baixar dentro dos próximos dias devido a quantidades de manga que vão se amadurecendo nas árvores de muitos produtores.

Neste momento alguns produtores ainda têm pouca quantidade para comercializar, mas dentro dos próximos dias quase a maior parte dos produtores irá ter enorme quantidade de manga já madura para a sua comercialização, facto que levará à queda do preço de manga no mercado, onde em alguns anos chega a ser vendido por um metical o quilo.

Empresa sem capacidade para processar manga

Na província de Inhambane existe uma empresa italiana vocacionada em processamento de frutos, mas devido à sua incapacidade financeira esta só consegue comprar cerca de cinco tonelada de manga por dia para o processamento de sumo e outros derivados, segundo apurámos junto dos Serviços Distritais das Actividades Económicas de Morrumbene.

A empresa, que tem acordo com o Governo de Morrumbene para a compra de frutos, encontra-se numa face experimental e localiza-se no bairro de Guijá, arredores da  cidade de Inhambane.

Governo diz que está à procura de compradores

Para darmos a resposta das lamentações dos produtores e vendedores de manga que está a apodrecer em quantidade nos povoados de Cambine e Malaia, no distrito de Morrumbene, a nossa equipe de Reportagem deslocou-se para os Serviços que vela pelo comércio a nível do distrito denominado Serviços Distritais das Actividades Económicas (SDAE), onde fomos recebido pelo director adjunto, Cornélio Maholera,  onde este foi humilde e bem esclarecedor, reconhecendo que o distrito como tal não tem condições para ultrapassar este cenário triste de apodrecimento de manga.

“Nós aqui, a nível do distrito, não temos capacidade para comprar toda a manga, mas o que estamos a fazer é procurar compradores para comprar manga em Morrumbene”, disse.
Cornélio Maholera disse ainda que a pouco mais de duas semanas uma empresa dinamarquesa, cujo nome não avançou, comprou cerca de duas toneladas para servir de uma amostra para ver se dá ou não para comprar este tipo de manga para o processamento na sua empresa.

Caso esta amostra seja positiva, poderá respirar-se de alívio, porque, segundo ele, esta empresa irá comprar mais toneladas de manga para África do Sul e Dinamarca, onde se encontra localizada o “quartel-general” da tal empresa em África e Europa.