As autoridades de saúde de Moçambique estão a promover a busca de novos parceiros com o intuito de reforçar a construção de infraestruturas e o saneamento básico nas unidades sanitárias, especialmente nas áreas rurais, onde a procura por serviços de saúde é mais elevada.
A informação foi revelada em Maputo, pela representante do Departamento de Saúde Pública no Ministério da Saúde (MISAU), Felismina Massingue, durante um workshop dedicado à apresentação do Policy Paper sobre a provisão de serviços de Água, Saneamento e Higiene (ASH) nas unidades sanitárias, com foco nas províncias de Niassa, Maputo e Gaza.
Massingue destacou que a iniciativa visa assegurar a qualidade dos serviços de saúde em regiões que enfrentam uma significativa carência de infraestruturas e de água potável. “As nossas unidades sanitárias localizam-se, na sua maioria, em zonas rurais, onde existe um défice de infraestruturas e de saneamento básico. Neste contexto, a falta de água é uma realidade”, afirmou.
Apesar destes desafios, a representante do MISAU mencionou que o ministério, em colaboração com parceiros de cooperação, tem registado avanços consideráveis. “Temos parceiros que têm apoiado o Ministério da Saúde nesta questão de infraestruturas, pois a gestão adequada dos resíduos sólidos exige que condições básicas sejam estabelecidas”, acrescentou.
A directora de Advocacia e Comunicação da WaterAid, Dulce Marrumbe, sublinhou que um estudo realizado nas províncias de Niassa, Gaza e Maputo revelou que a situação em relação ao abastecimento de água e ao acesso a saneamento e higiene nas unidades sanitárias continua sendo preocupante. “Estamos a falar de blocos sanitários onde tanto o pessoal de saúde como os utentes permanecem, por longos períodos, sem acesso à água e a instalações seguras”, enfatizou.
Dados de uma plataforma conjunta da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que apenas 56% das unidades sanitárias em Moçambique têm acesso à água, enquanto 43% dispõem de saneamento básico. No âmbito da nova estratégia, a WaterAid está a colaborar com o MISAU na construção de infraestruturas que beneficiam tanto as unidades sanitárias quanto as comunidades circunvizinhas.
“M temos estado a construir infraestruturas e blocos sanitários com acesso seguro, incluindo para pessoas com necessidades adaptativas especiais”, referiu.
A responsável sublinhou a importância destes esforços na prevenção de doenças, mencionando que as principais causas de morte entre crianças com idade inferior a cinco anos, como a malária e surtos de cólera, estão ligadas a questões de água, saneamento e higiene.
O evento contou com a presença de representantes do Governo, parceiros de cooperação, sociedade civil, profissionais de saúde e especialistas da área, visando promover um debate nacional sobre a necessidade urgente de integrar os serviços de ASH nas políticas e planos do sector da saúde, garantindo que nenhuma unidade sanitária opere sem as condições básicas de higiene e saneamento.