Em um desenvolvimento crucial para os esforços de paz, o governo da Rússia divulgou as suas condições para um cessar-fogo e o fim definitivo do conflito na Ucrânia.
As exigências, detalhadas num memorando de paz, foram tornadas públicas por agências estatais russas na segunda-feira, após uma nova ronda de negociações directas entre delegações de ambos os países, realizada em Istambul, na Turquia.
A principal e mais significativa exigência de Moscovo para um desfecho permanente do conflito é o reconhecimento formal por parte da Ucrânia de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhya e Kherson como territórios integrantes da Federação Russa. Estas regiões foram alvo de anexação unilateral pela Rússia, num movimento não reconhecido pela maioria da comunidade internacional.
Para um cessar-fogo temporário, a Rússia impõe a retirada completa das tropas ucranianas de todos os territórios que Moscovo considera como seus, o que inclui as já mencionadas áreas de Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhya e Kherson.
O memorando russo detalha ainda uma série de dez exigências para uma trégua de 30 dias, que seria implementada após a completa retirada das unidades ucranianas dos territórios anexados pela Rússia. Entre as condições para esta trégua de maior duração, destacam-se:
- O fim de toda a ajuda militar internacional à Ucrânia, abrangendo inclusivamente serviços de satélites de comunicação.
- A implementação de uma amnistia mútua para prisioneiros políticos e a libertação de civis detidos.
- O levantamento da lei marcial na Ucrânia e o anúncio de novas eleições.
Adicionalmente, o memorando russo sugeriu a possibilidade de uma trégua humanitária de dois a três dias em áreas da linha da frente de combate, destinada especificamente ao resgate de corpos de soldados falecidos. Esta trégua mais curta ocorreria no início dos trabalhos sobre um tratado de paz definitivo, sinalizando uma potencial fase preliminar para negociações de longo prazo.
As negociações em Istambul representam um esforço contínuo para encontrar uma solução diplomática para o conflito, embora as exigências apresentadas pela Rússia, particularmente no que diz respeito à soberania territorial da Ucrânia, coloquem desafios consideráveis para a sua aceitação por Kiev e pela comunidade internacional.