Ndambi Guebuza, filho do antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, foi restituído à liberdade condicional na última terça-feira (17), depois de cumprir metade da sua pena no âmbito do processo das Dívidas Ocultas. Condenado por branqueamento de capitais e associação para delinquir, Ndambi beneficiou de um recurso interposto pela sua defesa, que invocou o cumprimento dos requisitos legais para a medida.
No mesmo dia, Ângela Leão, esposa de Gregório Leão, ex-Director-Geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), também deixou a Cadeia Civil da Cidade de Maputo, após quase sete anos de reclusão de uma pena de 11 anos. Assim como Ndambi, Ângela Leão foi condenada por envolvimento no escândalo das Dívidas Ocultas, um dos maiores casos de corrupção da história do país, com prejuízos estimados em 2.7 mil milhões de dólares americanos para o Estado.
A saída de Ângela Leão foi rodeada de fortes medidas de segurança. Jornalistas foram impedidos de realizar entrevistas no local, por orientação da sua defesa e devido à presença reforçada de agentes que acompanharam o momento da libertação. Imagens amadoras captaram a tensão à porta do estabelecimento prisional.
Para esta quarta-feira (19), está prevista a libertação condicional dos restantes condenados no mesmo processo: Teófilo Nhangomelo, Bruno Langa, António Carlos do Rosário e Gregório Leão, todos detidos desde 2019 e que, tal como Ângela e Ndambi, completaram seis anos de pena, o equivalente à metade da condenação, requisito para o benefício.
O caso das Dívidas Ocultas continua a ter fortes repercussões políticas, económicas e judiciais em Moçambique, sendo ainda considerado um marco no combate à corrupção de alto nível no país.