Desde o início do ano, Angola tem enfrentado um grave surto de cólera, que já provocou a morte de mais de 400 pessoas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país registou um total de 10.771 casos da doença, dos quais 206 foram notificados apenas nas últimas 24 horas, representando 36% do total de casos reportados em 2023.
Neste contexto alarmante, a província de Benguela emergiu como o epicentro do surto, com 83 casos confirmados. A capital, Luanda, também foi severamente afectada, contribuindo para a alarmante estatística de quase 3.500 casos registados no último mês, o que equivale a 56% do total de casos de cólera em África.
Philippe Barboza, representante da OMS, sublinha que o aumento global da cólera está a ser impulsionado por factores como conflitos, catástrofes naturais e alterações climáticas, que exacerbam a propagação da doença. Angola, com 36% dos casos notificados a nível mundial, destaca-se como um dos países com uma das maiores taxas de letalidade, que se aproxima dos 4%, muito acima do limite de 1% considerado aceitável pela OMS.
O surto de cólera em Angola não se limita ao país, pois outros estados africanos que estavam previamente livres da doença, como a Namíbia, registaram recentemente casos de infecção pela primeira vez em uma década.
Além disso, países como Quénia, Malawi, Zâmbia e Zimbabué também estão a enfrentar um ressurgimento da cólera, o que levanta preocupações sobre a eficácia das medidas de contenção e a necessidade urgente de intervenção sanitária.