A China emitiu uma directiva para que as suas companhias aéreas cessem a aceitação de entregas de aviões da Boeing, uma decisão que surge no contexto da crescente tensão tarifária entre Pequim e Washington.
De acordo com a agência “Bloomberg”, citada pela Lusa, a medida inclui também a suspensão de compras de equipamentos e peças aeronáuticas a empresas norte-americanas.
A Boeing, que tem sede em Arlington, Virgínia, poderá enfrentar um aumento nos preços das suas aeronaves em comparação com os seus principais concorrentes, a europeia Airbus e a Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC). Esta última, apoiada pelo governo chinês, procura expandir a sua participação no mercado interno.
A empresa norte-americana tinha sido poupada de tarifas durante o último capítulo da guerra comercial que iniciou na presidência de Donald Trump (2017-2021), mas as suas vendas para a China têm declinado desde 2019. Em 2022, estimava-se que 25% das entregas internacionais da Boeing seriam destinadas ao mercado chinês; em 2023, esse número caiu drasticamente para apenas 9%.
Especialistas alertam que a escalada da guerra comercial poderá resultar em custos mais elevados para as empresas americanas em todos os sectores, à medida que os preços de peças e matérias-primas importadas da China aumentam. As empresas enfrentarão, assim, o desafio de realocar parte da produção e perder competitividade no vasto mercado chinês.
A guerra comercial, que se intensificou a 2 de Abril com o anúncio de “tarifas recíprocas” por parte dos EUA, teve uma reversão uma semana depois, devido à queda dos mercados e ao aumento dos custos de financiamento da dívida norte-americana. Embora os EUA tenham suavizado a sua ofensiva contra a maioria dos países, aplicando uma tarifa generalizada de 10%, também aumentaram as tarifas sobre produtos chineses em resposta às retaliações de Pequim.
Actualmente, os EUA impõem uma tarifa total de 145% sobre as importações chinesas, enquanto a China elevou as tarifas sobre os produtos norte-americanos para 125%. Nos últimos tempos, analistas têm destacado que o sector da aviação dos EUA, em particular a Boeing, é um dos mais impactados pela guerra tarifária.