O Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciou a demissão do governador do estado do Alto Nilo, James Odhok, um membro da oposição, e a nomeação de Koang Chuol Ranley, um general, para o cargo.
Esta decisão, veiculada pela televisão estatal, surge num contexto de violência crescente que tem assolado a região norte do país nas últimas duas semanas.
O decreto assinado por Kiir levanta questões sobre a legalidade da sua execução, dado que contraria os termos do acordo de paz de 2018, o qual visava pôr fim a um conflito que se arrastou por cinco anos entre o governo e a oposição liderada pelo vice-presidente Riek Machar.
A escalada de violência foi precipitada por um ataque da milícia do Exército Branco, inicialmente associada à oposição, que tomou de assalto uma guarnição governamental na cidade de Nasir, no dia 4 de Março. Este episódio desencadeou uma onda de assassínios, detenções e bombardeamentos por parte das forças governamentais, resultando na deslocação de cerca de 84 mil pessoas, conforme relatado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Paul Nang, chefe das Forças de Defesa Popular do Sudão do Sul (SSPDF), acusou o seu adjunto, Gabriel Duop Lam, actualmente detido em Juba, de ter orquestrado o ataque que permitiu à milícia do Exército Branco tomar o controlo de Nasir. O ministro da Defesa, Chol Thon, referiu igualmente que a violência é resultado da não aplicação plena do acordo de paz de 2018, que prevê a partilha de poder e a formação de um exército unificado.
Chol Thon alertou que, caso a oposição não desfaça o Exército Branco, as forças governamentais estarão preparadas para combatê-lo. “O Exército Branco é um grupo terrorista. A nossa luta não é contra os Nuer, enquanto comunidade. As alegações de que o governo e o exército representam apenas o povo Dinka não têm fundamento”, destacou.