Rodrigo Duterte, antigo presidente das Filipinas, foi detido na capital filipina, Manila, após a emissão de um mandado de captura pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), que o acusa de crimes contra a humanidade.
A detenção ocorreu no Aeroporto Internacional Ninoy Aquino, onde Duterte chegou de um voo proveniente de Hong Kong, às 9:20 horas locais.
A sua filha e actual vice-presidente, Sara Duterte, fez uma declaração contundente sobre o assunto, afirmando que a transferência do pai para Haia, que deverá ocorrer ainda hoje, é uma “opressão” e uma “perseguição”. “Enquanto escrevo isto, ele está a ser transferido à força para Haia esta noite. Isto não é justiça, é opressão”, afirmou Sara, em comunicado à imprensa, conforme citado pela agência EFE.
A vice-presidente acusou o governo do actual presidente, Ferdinand Marcos Jr., um antigo aliado de Duterte, de entregar um cidadão filipino a potências estrangeiras, considerando esta ação uma “afronta flagrante à nossa soberania”. Sara Duterte sublinhou ainda que o pai não teve a oportunidade de se apresentar perante qualquer autoridade judicial competente para fazer valer os seus direitos desde a detenção.
Veronica Duterte, a filha mais nova do ex-presidente, expressou preocupações nas redes sociais sobre o estado de saúde do pai, alegando que ele era levado “à força para um avião” sem que as autoridades tivessem consideração pela sua condição. Rodrigo Duterte, de 79 anos, estaria a “ficar mais fraco a cada minuto”, segundo a filha.
O palácio presidencial ainda não confirmou oficialmente a alegada transferência para Haia, e o advogado de Duterte já solicitou ao Supremo Tribunal das Filipinas a suspensão da detenção do ex-chefe de Estado. O tribunal anunciou que, dada a importância do caso, decidiu analisar a petição apresentada.
As acusações contra Rodrigo Duterte resultam da sua polémica guerra contra as drogas, que decorreu durante o seu mandato de 2016 a 2022, período em que se estima que cerca de 6.000 pessoas tenham sido mortas em operações antidroga e execuções extrajudiciais, segundo dados da polícia. No entanto, ONG filipinas afirmam que o número de vítimas pode ultrapassar os 30 mil.
Para assegurar a ordem durante a execução do mandado, a Polícia Nacional das Filipinas mobilizou 379 efectivos para o Terminal 3 do aeroporto e exortou o público a manter a calma, alertando sobre a propagação de informações erróneas.