A Casa Branca acusou juízes federais de “usurpar” a autoridade do presidente Donald Trump ao suspender ou reverter várias medidas do governo dos Estados Unidos.
A porta-voz Karoline Leavitt, durante uma conferência de imprensa, afirmou que tais decisões não apenas desrespeitam a vontade do presidente, como também minam a vontade do povo norte-americano.
“As decisões destes juízes estão a usurpar a vontade do presidente e, por extensão, a do povo que o elegeu”, declarou Leavitt, referindo-se especificamente ao juiz James Boasberg, que recentemente bloqueou a deportação de 250 imigrantes supostamente ligados a um gangue venezuelano.
A controvérsia ganhou contornos mais intensos quando Trump, insatisfeito com a decisão de Boasberg, exigiu a sua destituição, chamando-o de “lunático radical de esquerda” em declarações feitas durante uma entrevista à Fox News. Segundo Trump, a suspensão da operação de deportação é um sinal da falência do sistema judicial.
No entanto, a resposta do sistema judicial não se fez esperar. O presidente do Supremo Tribunal dos EUA, John Roberts, reiterou a importância do respeito pelas decisões judiciais, afirmando que o processo de “impeachment” não deve ser usado como resposta a desacordos legais. “Há mais de dois séculos que se estabelece que o ‘impeachment’ não é uma resposta apropriada para discordâncias em relação a uma decisão judicial. O processo normal de revisão de recurso existe para este fim”, declarou Roberts em comunicado.
Nos últimos tempos, diversas iniciativas de Trump têm sido bloqueadas por juízes em nome da Constituição e do equilíbrio de poderes. Um exemplo recente inclui a revogação de uma proibição imposta pelo governo que impedia a presença de pessoas transgénero nas Forças Armadas.
Além disso, magistrados têm ordenado a reintegração de funcionários públicos demitidos e a retoma de ajuda internacional que havia sido suspensa pelo Departamento de Eficiência Governamental.