A população de Nhampassa, no distrito de Báruè, em Manica, tomou a decisão de invadir e explorar uma mina de turmalina, alegando incumprimento das promessas de responsabilidade social por parte da empresa concessionária, a Sominha, Lda.
Este ato de desespero acontece após três meses de crescente descontentamento, com os moradores a acusarem o empresário Nadat de não cumprir os acordos firmados desde 2007.
Quando a mina foi concessionada à Sominha, a empresa comprometeu-se a realizar diversas obras e serviços que beneficiariam a comunidade, incluindo a construção anual de dez casas, a edificação de uma escola secundária, a construção de um hospital, a reabilitação da estrada principal, a abertura de furos de água e a aquisição de uma ambulância.
Contudo, após 18 anos, apenas seis habitações foram construídas, ainda em fase de acabamentos, o que gerou frustração e indignação entre os residentes.
Em resposta à invasão, a administração distrital de Báruè emitiu um comunicado exigindo o abandono imediato da mina, uma ordem que não foi acatada pela população. Matias Meneses, um dos representantes da comunidade, expressou o seu descontentamento, afirmando que o empresário seduziu tanto a população quanto as autoridades locais com promessas não cumpridas. “Estamos aqui a explorar nossos próprios recursos porque o empresário não fez nada por nós”, disse Meneses.
Bernardo Tempo, outro porta-voz da população, sugere a criação de uma associação que administre a mina e seus recursos de forma autónoma, apelando ao governo para intervir e busque uma solução pacífica para o conflito. “Pedimos que o governo nos ajude a resolver este conflito, sem recurso à força policial”, acrescentou.
David Franque, administrador de Báruè, reconheceu que a Sominha não cumpriu as suas obrigações de responsabilidade social. Ele explicou que a invasão ocorreu em um período de manifestações pós-eleitorais, onde as condições para negociação eram limitadas.
Franque expressou a sua preocupação quanto à exploração desordenada dos recursos, que, apesar de compreensível na ausência de ação da empresa, pode resultar em problemas de sustentabilidade e segurança para os garimpeiros.