As comunidades do distrito de Massingir enfrentam uma crise humanitária exacerbada pela seca, associada ao fenómeno climático El Niño, e pela destruição de culturas agrícolas provocada por animais selvagens.
Esmeralda Mutemba, administradora do distrito, alertou para a gravidade da situação, que se agrava com a eclosão da febre aftosa nos rebanhos, conforme relatado pela comunicação social.
A falta de chuvas tem causado problemas severos na disponibilidade de pasto e no acesso à água, comprometedores para a sobrevivência do gado. “Durante 90 dias não tivemos a possibilidade de venda de gado”, lamentou Mutemba, sublinhando que, apesar das chuvas recentes, não há esperança de recuperação das culturas agrícolas para a campanha agrária de 2024-2025.
Além disso, a situação é alarmante em outras regiões do centro de Moçambique. Nobre dos Santos, administrador do distrito de Caia, na província de Sofala, revelou que cerca de 99.347 pessoas estão a viver em condições de insegurança alimentar, sendo as povoações de Chatala e Magagade as mais afectadas.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estima que 4,8 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária no país, o que representa um aumento significativo face aos dados apresentados em Setembro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esta crise humanitária resulta de uma combinação de factores, incluindo conflitos, secas e emergências de saúde pública.
“A necessidade de assistência humanitária para as comunidades afectadas tem estado a aumentar, especialmente nas regiões centro e sul de Moçambique”, afirmou a ONU em comunicado. O valor estimado para atender a estas necessidades é de 64 milhões de dólares (aproximadamente 60,6 milhões de euros).
Moçambique, um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, tem sido fustigado por fenómenos climáticos extremos, como cheias e ciclones tropicais, durante a época chuvosa, que decorre entre Outubro e Abril. O El Niño, caracterizado por um aumento da temperatura oceânica, continua a trazer desafios adicionais, provocando chuvas torrenciais na África oriental e contribuindo para a elevada taxa de mortalidade em países vizinhos, como Quénia, Burundi, Tanzânia, Somália e Etiópia.