Durante um encontro com reitores de universidades públicas e privadas, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, expressou a sua preocupação com a possibilidade de comprometer o pagamento de salários dos funcionários públicos, devido às manifestações pós-eleitorais que têm abalado o país.
O Presidente explicou que os protestos resultaram em atrasos significativos na cobrança das receitas fiscais, que se encontram actualmente apenas em cerca de 80% do valor previsto.
Este número, segundo Nyusi, está bem aquém do habitual e do que é planeado para períodos normais de funcionamento económico.
“Há um esforço para inviabilizar as fronteiras económicas, sobretudo a de Ressano. A escassez de produtos já se iniciou”, afirmou Nyusi, sublinhando que a diminuição das receitas fiscais representa um desafio grave para a gestão orçamental do país. “A informação desta manhã encorajou-me um pouco, pois até anteontem não estava satisfeito. No entanto, conseguimos até Novembro alcançar uma cobrança de 80% do previsto. Normalmente, neste momento, a cobrança ultrapassa a previsão, e isso preocupa-me porque posso não conseguir pagar os salários de professores e enfermeiros. Nós não temos orçamento alocado, ao contrário de outros governos que tiveram essa sorte; eu nunca tive essa sorte nos últimos dez anos”, lamentou.
Neste contexto, Nyusi destacou que a sua governação, que opera sem apoio externo para o pagamento de salários, é uma prova da capacidade dos moçambicanos em enfrentar desafios. “Teríamos conseguido fazer mais se tivéssemos implementado outras medidas de contenção, como a redução ou eliminação da corrupção”, concluiu.