Sociedade Moçambique vive onda de protestos após proclamação dos resultados eleitorais

Moçambique vive onda de protestos após proclamação dos resultados eleitorais

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Manifestantes bloqueiam ruas e queimam pneus na capital, contestando a vitória de Daniel Chapo. Polícia tenta conter os distúrbios.

Moçambique enfrenta um período de agitação social, marcado por protestos e bloqueios de estradas na capital, Maputo, após a validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional. A proclamação confirmou Daniel Chapo, candidato da FRELIMO, como vencedor das eleições presidenciais de Outubro, decisão que foi imediatamente rejeitada pela oposição.

Desde o anúncio, manifestantes têm incendiado pneus e bloqueado vias em bairros considerados redutos da oposição, incluindo Chamanculo e Mavalane. A polícia e as forças armadas foram mobilizadas para dispersar os protestos, com relatos de tiros de advertência e confrontos.

Clima de tensão e bloqueios nas ruas

Nas imagens transmitidas ao vivo, é possível ver colunas de fumaça preta e grupos de manifestantes a erguer barricadas. Os protestos refletem a insatisfação generalizada da população, especialmente entre os jovens desempregados, que dizem não se identificar com a liderança tradicional do país.

Segundo declarações do líder da oposição, Venâncio Mondlane, a estratégia será manter a pressão nas ruas com uma paralisação nacional de cinco dias. “Não aceitaremos os resultados e continuaremos a lutar para que a vontade popular seja respeitada”, afirmou Mondlane.

Resposta do governo e apelo à calma

O governo de Moçambique, por meio do ministro do Interior, Pascoal Ronda, classificou os actos como “desordem pública” e alertou que as forças de segurança actuarão para restaurar a ordem.

“Esses comportamentos representam uma afronta directa à estabilidade e aos valores democráticos do país. Os responsáveis serão identificados e responsabilizados”, declarou Ronda.

As autoridades também sugeriram que os actos de vandalismo podem estar ligados a grupos organizados, levantando suspeitas sobre possíveis conexões com elementos terroristas.

Impacto económico e social

Os protestos já resultaram na destruição de infra-estruturas públicas e privadas, incluindo postos policiais, escolas e estabelecimentos comerciais. Além disso, o bloqueio de estradas tem causado escassez de bens essenciais e dificuldades para a mobilidade, afectando o transporte público e o abastecimento alimentar.

Relatos indicam que os hospitais estão sobrecarregados com feridos provenientes dos confrontos, muitos deles baleados. Em Nampula, 21 pessoas morreram e mais de 100 ficaram gravemente feridas nos últimos dias.

Legitimidade do governo em xeque

Analistas políticos apontam que, apesar de a decisão do Conselho Constitucional ser legalmente definitiva, o clima de descontentamento e as acusações de fraude eleitoral colocam em questão a legitimidade do novo governo.

Adriano Nonga, director do Centro para Democracia e Direitos Humanos, afirmou que a insatisfação nacional é generalizada e que a situação representa um teste crucial para a capacidade da FRELIMO de governar o país.

Cenário incerto

Enquanto a oposição continua a mobilizar os seus apoiantes e planeia acções para contestar os resultados, incluindo a tentativa simbólica de investidura de Venâncio Mondlane em 15 de Janeiro, o governo promete reforçar a segurança para evitar mais distúrbios.

Observadores internacionais monitoram a situação de perto, alertando para o risco de escalada de violência e instabilidade prolongada.