A indignação social tomou conta das ruas nigerianas após a notícia de que 29 crianças, com idades entre os 14 e os 17 anos, estão entre os 76 indivíduos acusados de crimes graves, incluindo traição e incitação a um golpe militar.
Os menores, que teriam participado de protestos contra a crescente crise do custo de vida, foram detidos pela polícia em Agosto e foram apresentados em tribunal na última sexta-feira, conforme reportado pelo portal de notícias African News.
As acusações que pesam sobre eles incluem, além da traição, destruição de propriedade e perturbação da ordem pública. Em um episódio angustiante, quatro dos menores desmaiaram no tribunal devido à exaustão antes mesmo de conseguirem prestar declaração sobre as suas situações, o que gerou ainda mais alarme entre os presentes.
Os protestos que levaram à detenção das crianças foram desencadeados por reformas económicas controversas, incluindo o fim dos subsídios aos combustíveis e a desvalorização da moeda local, que atingiram duramente a população nigeriana. Em Agosto, cidadãos de várias cidades do país saíram às ruas para expressar descontentamento com as medidas governamentais.
Organizações de direitos humanos, como a Amnistia Internacional, denunciam o uso excessivo da força pelas autoridades, revelando que pelo menos 13 pessoas morreram em confrontos com a polícia durante os protestos.
Os advogados que representam as crianças alegaram que foi concedida fiança, e o caso deverá ser julgado em Janeiro. Vale recordar que, embora a pena de morte tenha sido introduzida na Nigéria na década de 1970, não se registaram execuções desde 2016, tornando as actuais acusações ainda mais alarmantes para a sociedade civil.
Os desdobramentos deste caso continuam a ser acompanhados de perto, à medida que a comunidade internacional e os nigerianos exigem justiça e protecção para as suas crianças.