Um padre capuchinho de 48 anos, identificado como Pawel Bielecki, foi detido em Nova Iorque no passado sábado, sob suspeitas de fraude.
De acordo com os procuradores, o sacerdote terá enganado centenas de milhares de dólares num esquema complexo onde se fez passar por um membro da realeza e médico no Líbano.
A suspeita surgiu quando a própria ordem religiosa, os Capuchinhos, reportou atividades anómalas às autoridades.
Segundo o comunicado enviado ao portal católico The Pillar, a ordem afirmou que, apesar de não estar envolvida no esquema, tomou a iniciativa de informar os procuradores sobre as ações suspeitas de Bielecki. “Os Capuchinhos acreditam firmemente que ninguém deve violar a confiança pública, ainda mais um membro da Igreja. É por isso que reportámos a atividade suspeita [de Pawel] às autoridades e estamos a cooperar com elas”, afirmaram.
Segundo os procuradores, o padre terá utilizado a sua posição para ganhar a confiança das vítimas e, através de entrevistas em rádio e podcasts, assim como eventos de angariação de fundos, pediu dinheiro para supostas despesas médicas em clínicas que alegadamente geria no Líbano. No entanto, o dinheiro arrecadado era, na realidade, desviado para os seus próprios luxos pessoais.
Entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2024, Bielecki terá movimentado grandes quantias de dinheiro. Despesas como uma mensalidade de 300 euros num ginásio de luxo, refeições em restaurantes caros e múltiplas cirurgias plásticas foram alguns dos gastos do padre.
Além disso, o capuchinho chegou a afirmar numa rádio local de Nova Iorque que era um padre e médico com uma clínica em Beirute destinada a apoiar cristãos no Médio Oriente.
No entanto, investigações revelaram que Bielecki não possui qualquer título de médico e os registos de viagem mostram que ele nunca saiu dos Estados Unidos entre dezembro de 2019 e abril de 2022, contrariando as suas alegações de estar ferido numa explosão no Líbano em agosto de 2020.
Bielecki também usou uma identidade falsa de descendente da realeza britânica e dinamarquesa para obter dinheiro. Parte dos fundos roubados terá sido utilizada para operações plásticas e para pagar a mensalidade do ginásio.
Como membro dos Capuchinhos, Pawel fez um voto de pobreza, o que lhe proíbe de possuir propriedades ou contas bancárias pessoais. A província proporciona a cada sacerdote um ‘salário’ de 250 dólares para despesas pessoais. Colegas do padre revelaram ao The Pillar que acreditavam que ele realmente tinha formação em medicina. Bielecki entrou para a ordem capuchinha com 18 anos, na Polónia, onde nasceu, e foi ordenado padre em 2001. Mudou-se para Nova Iorque em 2011.
Ainda não há uma decisão oficial sobre o futuro do padre por parte dos Capuchinhos. Pawel Bielecki enfrenta acusações de fraude e corre o risco de ser condenado a até 20 anos de prisão.

















