Nos primeiros seis meses do ano, cerca de 670 mulheres no distrito de Nampula optaram por interromper a gravidez de forma segura e voluntária.
Este número contrasta significativamente com as 63 mulheres que recorreram ao mesmo serviço no período equivalente do ano anterior.
Elisete Cintura, enfermeira responsável pela área de Saúde Materno-Infantil no distrito, afirmou que, apesar do aumento, os números ainda não são satisfatórios. A falta de consciência sobre a importância de procurar unidades de saúde para realizar a interrupção de gravidez de forma segura continua a ser um desafio.
Cintura apontou que a falta de conhecimento sobre a legalidade do aborto e a escassez de unidades de saúde que oferecem esses serviços contribuem para a baixa procura. No distrito de Nampula, apenas dois centros de saúde, o Centro de Saúde 25 de Setembro e o Centro de Saúde de Muahala-Expansão, disponibilizam o serviço de aborto seguro. No entanto, a localização destes centros não é estratégica para muitas mulheres.
Por exemplo, uma mulher residente no bairro de Marrere precisa percorrer uma longa distância para ter acesso aos serviços de aborto seguro. Esta barreira leva muitas a recorrer a métodos tradicionais, como a compra de medicamentos sem prescrição médica.
A responsável explicou que diversos factores podem levar uma mulher a optar pelo aborto, incluindo a falta de preparação psicológica, gravidez indesejada, muitas vezes resultante de violência sexual, abandono e outros motivos pessoais.