Internacional Isabel dos Santos acusa Justiça portuguesa de cumprir ordens angolanas

Isabel dos Santos acusa Justiça portuguesa de cumprir ordens angolanas

A empresária angolana Isabel dos Santos afirmou que as autoridades angolanas emitem “ordens diretas” e instruções às suas congéneres portuguesas nos processos judiciais que a envolvem em ambos os países.

Filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, Isabel dos Santos, que falava à Rádio Essencial, um dia após a divulgação pela Lusa dos crimes dos quais é acusada no processo relacionado com a gestão da Sonangol, revelou que estão em curso processos de reclamação dos seus investimentos em Angola e Portugal.

Isabel dos Santos teve contas e ativos arrestados em vários países devido a processos judiciais em Angola e em outras jurisdições.

Questionada sobre o que espera das autoridades portuguesas, a empresária afirmou que as decisões e o posicionamento da Justiça portuguesa estão “a mando da Justiça angolana”, especificamente da Procuradoria-Geral da República e do Serviço de Recuperação de Ativos, que “dão instruções” cumpridas pelas partes portuguesas “sem verificar se aquilo é verdade ou mentira”.

Isabel dos Santos lamentou o segredo de justiça imposto, a falta de “acesso a nada” e a desconhecimento das acusações devido às restrições impostas pela Procuradoria-Geral da República de Angola, que emite “ordens diretas às autoridades portuguesas”.

Recomendado para si:  Sudão: Bombardeamento em maternidade provoca oito mortos no Darfur

Quanto a Angola, salientou que os arrestos decretados no final de 2019 têm um “impacto muito negativo na gestão” das suas antigas empresas, destacando que “a vocação do Estado não é gerir empresas privadas, mas sim governar bem o país”.

A 31 de dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda decretou o arresto preventivo das contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, Sindika Dokolo e Mário Leite da Silva em bancos angolanos, bem como as participações sociais que detêm em diversas empresas.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 19 de janeiro de 2020 mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de “Luanda Leaks”, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido para retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.