Quatro ministros do governo japonês apresentaram suas renúncias na quinta-feira, após o primeiro-ministro, Fumio Kishida, anunciar que pretendia enfrentar um escândalo de fraude financeira no seio do partido que lidera.
Os ministros que renunciaram são:
- Hirokazu Matsuno, secretário-geral e porta-voz do governo;
- Yasutoshi Nishimura, ministro da Economia, Comércio e Indústria;
- Junji Suzuki, ministro da Administração Interna; e
- Ichiro Miyashita, ministro da Agricultura.
A renúncia dos ministros ocorre em meio a uma investigação dos procuradores japoneses sobre suspeitas de fraude contra dezenas de membros do Partido Liberal Democrata (LDP), que governa o país quase ininterruptamente desde 1955.
Os meios de comunicação social japoneses têm apontado que os membros do LDP são suspeitos de não terem declarado o equivalente a vários milhões de euros recolhidos através da venda de bilhetes para eventos de angariação de fundos, que o partido lhes terá pago.
Os investigadores estão sobretudo interessados nos membros da maior fação interna do LDP, liderada pelo antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado no ano passado.
Estes terão recebido cerca de 500 milhões de ienes (3,2 milhões de euros) durante um período de cinco anos, até 2022.
Kishida, que considerou “extremamente lamentável que a situação tenha dado origem à desconfiança do público”, prometeu “tornar-se numa bola de fogo para restaurar a confiança no Governo”, anunciando que ia “fazer rapidamente nomeações”.
O primeiro-ministro japonês prepara-se para substituir não só os três ministros demissionários, mas também o secretário-geral e porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno.
No total, nove ministros e vice-ministros serão afetados pela remodelação.
Todos os ministros a substituir pertencem à “fação Abe”, embora se diga que o escândalo também afete membros do lado de Kishida.
Mesmo antes deste escândalo, a popularidade de Kishida, de 66 anos, estava em baixo, nomeadamente devido à inflação persistente e à queda do iene, resultando numa quebra do poder de compra das famílias nipónicas, apesar do anúncio do Governo, no mês passado, de um novo plano de estímulo fiscal.
Impacto do escândalo na política japonesa
O escândalo de fraude financeira que levou à renúncia de quatro ministros do governo japonês é um golpe significativo para o primeiro-ministro, Fumio Kishida.
A renúncia dos ministros, que pertencem à fação Abe do Partido Liberal Democrata (LDP), liderada pelo antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado no ano passado, é um sinal de que o escândalo está a prejudicar a credibilidade do partido.
A renúncia dos ministros também aumenta a pressão sobre Kishida para que tome medidas para restaurar a confiança no governo.
O primeiro-ministro já anunciou que vai remodelar o seu governo, substituindo os ministros demissionários. No entanto, isso pode não ser suficiente para acalmar os ânimos da opinião pública.
O escândalo também pode ter um impacto negativo nas eleições parlamentares que estão marcadas para o próximo ano.
Se a popularidade de Kishida continuar a cair, o LDP pode perder a maioria absoluta no parlamento, o que dificultaria a aprovação de leis.
Perspectivas para o futuro do governo Kishida
O futuro do governo Kishida é incerto.
Se a popularidade do primeiro-ministro continuar a cair, ele pode ser forçado a demitir-se.
No entanto, também é possível que Kishida consiga recuperar a confiança da opinião pública, substituindo os ministros demissionários e tomando medidas para enfrentar os problemas económicos que o país enfrenta.
Se Kishida conseguir recuperar a confiança da opinião pública, poderá permanecer no cargo até ao final do seu mandato, em 2025.