A manifestação foi motivada por um crescimento no número de suicídios na classe docente do país, que tem denunciado situações de bullying e pedido melhores condições de trabalho.
Milhares de professores sul-coreanos fizeram greve pelo país inteiro e protestaram em massa em Seul, a capital da Coreia do Sul, para exigir melhores condições de trabalho e de segurança após uma onda violenta de assédio e abuso por parte de estudantes e encarregados de educação.
Cerca de 15 mil pessoas manifestaram-se esta segunda-feira pelas ruas da capital, com os docentes a apresentarem-se vestidos de preto, marchando até à porta da assembleia nacional sul-coreana.
Contudo, o evento foi motivado pela morte de uma professora de jardim de infância, de 23 anos, que se terá suicidado na sua escola em Seul, após ter denunciado problemas de ansiedade e de saúde mental perante as queixas de pais abusivos e verbalmente violentos. Após a sua morte, vários professores falaram de situações semelhantes no seu local de trabalho, e organizaram vigílias e demonstrações em homenagem à colega e pedindo mais direitos laborais e maior proteção nas escolas.
Entretanto, nas últimas semanas, mais casos de suicídios de professores têm sido registados, o que só tem fomentado ainda mais descontentamento na classe profissional. Até junho, cerca de 100 professores tiraram a própria vida na Coreia do Sul desde 2018, segundo dados do governo citados pelo The Guardian. Desses, 57 lecionavam no ensino primário.
A Coreia do Sul tem a taxa de suicídio mais elevada da OCDE, sendo a principal causa de morta para as pessoas entre os dez e os 39 anos de idade.
Cerca de 200 mil profissionais de educação terão aparecido nos protestos em Seul ao longo do fim de semana.
Muitos, perante as leis restritas sobre o direito à greve, meteram baixa para poder protestar. Isto resultou no encerramento de algumas escolas um pouco por todo o país, e as autoridades afirmaram que estes protestos eram considerados ilegais, prometendo consequências legais.
O ministério da Educação prometeu que iria reforçar a autoridade dos professores e promover legislação que punisse abusos e assédio em espaços educativos, mas também acusou os anteriores governos de “priorizar” os direitos dos estudantes, descurando os dos professores.