Um mágico, não ilusório, à semelhança dos homens vestidos de fato preto, camisa branca e de boné alto à cabeça, pois a sua condição é real, assim como o virtuosismo, os dribles estonteantes que espalha pelos relvados, Lionel Messi, o portento argentino de 36 anos, está em vias de privar o futebol, pelo menos em campeonatos do mundo, das suas aparições.
O mundo viu-o desfilar em cinco mundiais: 2006, na Alemanha, ano de estreia; África do Sul (2010), Brasil (2014), Rússia (2018) e, agora, no Qatar’2022, pode sair de cena coroado Rei, não a lembrar os entronados nos Reinos, longe disso.
La Pulga, alcunha pelo que é tratado, está em busca da consagração que lhe falta na carreira iniciada aos sete anos, nos Newell’s Old Boys, da Argentina.
Deixar os recintos sem levantar o troféu de 18 quilates de ouro, seis quilogramas, terá, assumidamente, sabor agridoce para o “mago da bola”, nascido na cidade de Rosário, da qual saiu aos 13 anos para ingressar na cantera do Barcelona, onde se assumiu como o expoente máximo da sua geração.
Messi quer seguir as peugadas de dois dos principais astros do futebol: Pelé, três vezes campeão do mundo, 1958, 1962 e 1970, e Maradona, 1986, seu ídolo e compatriota.
Considerado por muitos o melhor jogador das décadas de 2000, o jogador do Paris Saint Germain (PSG) também quer ganhar a cobiçada Taça para se perpectuar nos anais da Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA).
Pois, o craque sabe que ao materializar tal pretensão entra para a restrita lista da qual constam Pelé e Maradona, e cuja conquista de títulos mundiais deu-lhes dimensão superior, sobretudo, na comparação em relação a quem foi o melhor.
O palmo que o separa de se tornar numa das maiores lendas do futebol está à distância de 90 ou 120 minutos.
Detentor de predicados ímpares, capazes de congregar simpatias até dos fãs afectos a Cristiano Ronaldo, principal concorrente no paralelismo de quem é o melhor da geração de ambos, Messi, pode, caso levante o “caneco”, meter ponto final e sentenciar a discussão levantada faz anos.
No entanto, as sete bolas de ouro, contra cinco de Ronaldo, puseram quase ponto final às controvérsias levantadas em torno das duas vedetas.
Para já, é ponto assente que ter chegado à final lhe confere estatuto de destaque. Aliás, não fosse essa a segun-da da carreira, pois em 2014, também lá esteve, derrota da Argentina, por 0-1, frente à Alemanha.
Após o jogo de domingo, confirmou-o em declarações à imprensa do seu país, colocará ponto final à carreira na selecção. O mundo de certo ficar-lhe-á grato pelos memoráveis feitos. Portanto, nada melhor do que passados 36 anos, quase os mesmos anos de vida, para coroar um percurso marcado por êxitos. Ao marcar o primeiro golo do triunfo por 3-0, da Argentina sobre a Croácia, nas meias-finais disputada na terça-feira, Messi, tal como Kylian Mbappé, companheiro de equipa no PSG, podem discutir o troféu de melhor marcador.