Desporto Evra: “Não me considero uma vítima, mas sim um sobrevivente”

Evra: “Não me considero uma vítima, mas sim um sobrevivente”

O ex-internacional pela França, Patrice Evra, concedeu uma entrevista ao jornal britânico, The Guardian, onde abordou como é estar na pele de alguém que foi abusado sexualmente, contando que não se considera “uma vítima”, mas sim “um sobrevivente”.

“A minha mãe ficou devastada. Ver aquela criança de 13 anos, agora um homem feito, a encará-la… Só dizia ‘Desculpa, desculpa’, mas eu respondi ‘Não, mãe, eu estou bem’. Por isso não me considero uma vítima, mas sim um sobrevivente”, explicou, citado pelo Notícias ao Minuto.

Evra confessou que mentiu à polícia quando contactado acerca do abuso ao qual tinha sido submetido aos 13 anos.

“Lembro-me de ter 24 anos e de jogar pelo Mónaco, quando a polícia me ligou e disse Tivemos queixas sobre este homem, sabe de algo?. E disse que não. Menti”, afirmou.

O ex-futebolista do Manchester United, que agora colabora com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para falar com pessoas que atravessam essa experiência traumática disse que ainda está num processo de aprendizagem em relação a este tópico.

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“Conheci vários sobreviventes. Estou apenas num processo de aprendizagem. Só por ter sofrido abusos sexuais com 13 anos não significa que saiba tudo. Por isso, foi bastante simples começar a falar. Abusos são tabu, e eu adoro tabus”, sublinhou.

Patrice Evra também apontou como preocupação à margem da conversa com o jornal britânico os aspectos da cultura africana que dificultam a abertura para uma melhor compreensão deste tipo de práticas, que ainda causa reacções de choque entre as pessoas.

“Na cultura africana, pode ser difícil até para uma pessoa negra falar de amor. Nunca vi o meu pai a beijar a minha mãe. Por isso, o facto de uma pessoa africana ter tido sucesso na vida e depois falar sobre coisas destas, deixou-os chocados”, concluiu.