Doenças pulmonares, causadas fundamentalmente, por inalação de poeiras, no ambiente de trabalho, denominadas silicose, bem como a perda auditiva começam a ser frequentes entre mineiros moçambicanos que trabalham em diversas empresas da indústria extractiva, na vizinha África Sul.
Ao longo do tempo, a poeira se deposita nos pulmões, causando a chamada fibrose pulmonar, uma condição em que o indivíduo apresenta dificuldade para respirar. Os pacientes com esta enfermidade são os mais propensos, ainda, a desenvolver outras patologias pulmonares, como por exemplo, a tuberculose e o câncer de pulmão.
Dados do Ministério do Trabalho e Segurança Social apontam que 20.780 mineiros e farmeiros trabalham na África do Sul, em diferentes empresas.
A informação foi avançada, recentemente, na vila fronteiriça de Ressano Garcia, por Aníbal Nhassengo, responsável do Centro de Rastreio de Doenças Ocupacionais, instalado naquele ponto desde 2018, com vista a atender este grupo-alvo no regresso ou ida às minas da África do Sul.
Desde que começou o programa, foram registados mais de 16 mil mineiros com problemas de saúde naquele centro.
O médico explica que, durante o processo de rastreio, as duas doenças são as mais diagnosticadas no centro, apelando para que, indivíduos que trabalham na indústria mineradora, como na perfuração de rochas, por exemplo, ou mesmo na produção de vidros, areia e cimento tomem cuidados especiais para evitar a exposição ocupacional.
Segundo Aníbal Nhassengo, após a silicose, regista-se também, a doença de perda auditiva causada pelo ruído a que os mineiros estão sujeitos no decurso da sua actividade.
O vice-Ministro do Trabalho e Segurança Social, Rolinho Farnela, visitou há dias, o centro para se inteirar do funcionamento da unidade sanitária, no quadro do monitoramento do movimento de entrada dos moçambicanos, entre mineiros e trabalhadores das farmas, que regressam ao país para passar as festas do Natal e do fim-de-ano.
Durante a conversa com o responsável do centro, Rolinho Farnela ficou a saber que, nos últimos meses, os números registados baixaram por causa do volume dos mineiros atendidos e não por conta das análises feitas. Isto é, foram atendidos poucos, mas os diagnósticos aumentaram.
Explicou ainda que, depois de diagnosticado, se o doente tem uma tuberculose é feito o exame e accionado o tratamento que pode ser realizado localmente ou na África do Sul.