Dezesseis funcionários etíopes da ONU estão presos na Etiópia, enquanto outros seis foram libertados pelas autoridades, num momento em que a comunidade internacional tenta encerrar o conflito entre o governo e os rebeles da região do Tigré.
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric declarou na terça-feira (9) que a organização trabalha “ativamente com o governo etíope para garantir a libertação imediata” dos funcionários detidos.
Os funcionários da ONU foram presos durante operações dirigidas contra pessoas da etnia tigré, no âmbito do estado de emergência em vigor neste país em guerra.
Os Estados Unidos condenaram as prisões por motivos étnicos na Etiópia. “O assédio e a detenção pelas forças de segurança com base na etnia são completamente inaceitáveis”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, a repórteres.
Na semana passada, o governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed declarou estado de emergência de seis meses em meio a temores crescentes de que combatentes da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF) e grupos rebeldes do Exército de Libertação Oromo (OLA) avançariam em direção à capital, Adis Abeba.
Grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, denunciaram as medidas de emergência, que permitem que qualquer pessoa suspeita de apoiar “grupos terroristas” seja revistada e detida sem um mandado, em particular membros do grupo étnico tigré.
Milhares de pessoas foram presas neste contexto desde a semana passada.
Este não é o primeiro incidente entre o governo de Abiy e a ONU. No final de setembro, o ministério etíope das Relações Exteriores expulsou sete importantes funcionários da ONU por suposta “ingerência”.
Desde novembro de 2020, o conflito entre o exército e os rebeldes do Tigré deixou milhares de mortos e causou o deslocamento forçado de dois milhões de pessoas.
Os esforços diplomáticos para acabar com esta guerra estão aumentando, assim como as notícias de atrocidades e fome que atingem a população.
Na terça-feira, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, pediu uma oportunidade à paz depois de visitar Mekele, capital do Tigré, no fim de semana.
Abiy Ahmed, Nobel da Paz em 2019, enviou tropas ao Tigré em novembro do ano passado para derrubar a TPLF, acusando-a de atacar bases militares.