As emissões de CO2 aumentaram 9,5% no Brasil em 2020 com relação ao ano anterior, apesar de a média mundial ter diminuído 7%, segundo relatório publicado nesta quinta-feira (28) pelo Observatório do Clima, que atribui esta alta ao desmatamento.
“A alta no desmatamento no ano passado, em especial na Amazônia, pôs o Brasil na contramão do planeta”, aponta o relatório do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do coletivo de ONGs Observatório do Clima.
Em 2020, segundo ano do mandato do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil emitiu 2,169 bilhões de toneladas de CO2 – o volume mais elevado desde 2006. O país que abriga 61% da Amazônia se comprometeu a alcançar a neutralidade de carbono em 2050.
No entanto, esta queda foi neutralizada por um aumento pronunciado das emissões resultantes das atividades agrícolas (+2,5%) e, em particular, de mudanças do uso do solo (+23,7%), o que inclui o desmatamento.
Desde que Bolsonaro chegou ao poder, em janeiro de 2019, a Amazônia perdeu cerca de 10.000 km² de florestas no ano passado (quase a superfície da Jamaica), frente a 6.500 km² ao ano na década anterior.
Para a ONG, o aumento do desmatamento se deve em grande parte às políticas do governo, acusado de reduzir o pessoal e o financiamento dos órgãos públicos dedicados à preservação ambiental.
Bolsonaro será representado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apesar de estar na Europa para a reunião do G20 em Roma.
O presidente visitará na segunda-feira a cidade italiana de Anguillara Veneta, de onde vieram seus antepassados, e onde receberá a cidadania honorária, em meio a polêmicas.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na terça-feira que o Brasil devia se apoiar nas “armas da diplomacia” para defender seus interesses na Amazônia em Glasgow e negociar para que o país seja compensado por preservar este bioma.