O Presidente argentino, Alberto Fernández, anulou a viagem que deveria iniciar hoje a França devido ao agravamento da situação sanitária no seu país, devido à covid-19.
Fernández ia participar em Paris numa conferência sobre igualdade de género, organizada pelo seu homólogo francês, Emmanuel Macron, mas decidiu cancelar a viagem “para acompanhar o esforço do povo argentino”, quando 40 mil argentinos estão limitados de voltar ao país, segundo uma carta dirigida ao anfitrião.
“Considerando o grande esforço do povo argentino para contribuir no combater desse flagelo, lamento informar-lhe que será impossível a minha participação de maneira presencial na abertura do Fórum Geração e Igualdade no próximo dia 30 em Paris”, lê-se na carta que Alberto Fernández remeteu a Emmanuel Macron.
Em maio, Alberto Fernández e Emmanuel Macron já se tinham encontrado em Paris, onde o chefe de Estado sul-americano pediu apoio para renegociar a dívida argentina com o Clube de Paris.
Essa renegociação foi adiada à espera e condicionada a uma negociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional.
A parcela da dívida argentina com o Clube de Paris, vencida em 31 de maio, foi adiada até o final de março de 2022, novo limite para a Argentina chegar a um acordo financeiro.
Fernández queria agradecer pessoalmente a Macron pelo papel central nesse adiamento, além de apresentar a legislação argentina em matéria de igualdade de género como a recente obrigação do Estado em contratar pessoas do coletivo trans, aprovada na semana passada, e a legalização do aborto, aprovada em dezembro.
Porém, hoje, no mesmo dia em que Alberto Fernández viajaria a Paris, começaram a valer as novas e rígidas regras que restringem o regresso ao país dos argentinos no exterior no contexto de um maior controlo para evitar a chegada da variante Delta.
As novas regras também impõem que, quem regressar ao país, terá de cumprir um isolamento de dez dias num hotel sanitário, pago pelo passageiro. A única porta de entrada no país permitida é o aeroporto internacional de Ezeiza (Buenos Aires).
Perante a falta de vacinas e a campanha de vacinação lenta, o governo priorizou a primeira dose das vacinas para o maior número de pessoas, ampliando de três semanas a três meses o intervalo recomendado entre as duas doses. Esse intervalo não tem sido cumprido devido a escassez de segundas doses.
A estratégia pode revelar-se vulnerável contra a variante Delta que ameaça chegar ao país, desencadeando a terceira vaga quando o país ainda enfrenta a segunda.