Deslocados de guerra sem documentos de identificação têm a circulação limitada em Pemba. Um relatório da Universidade Católica denuncia sevícias e extorsão policial contra os indocumentados.
Segundo dados oficiais, cerca de 700 mil pessoas estão deslocadas das zonas de origem por causa do terrorismo que afeta a província de Cabo Delgado. Na maioria das vezes, as vítimas fogem sem levar praticamente nada, incluindo os documentos de identificação civil.
Apesar de conseguirem acolhimento, em zonas consideradas seguras, estas pessoas passam por situações difíceis por falta de documentação.
Um relatório apresentado na sexta-feira (18), em Pemba, da autoria da Universidade Católica de Moçambique, denuncia sevícias e extorsão policial aos deslocados indocumentados.
“Quando circulam na cidade de Pemba, tem sido frequentes a interpelações pela PRM, que lhes têm sujeitado a sevícias e extorção de valores monetários por falta de documentação”, afirma Fanito Salatiel, um dos coautores do relatório.
E dá um exemplo: “Mesmo durante o decurso da caravana, tivemos de intervir num caso em que um cidadão foi interpelado pelos agentes da PRM que queriam prendê-lo, mas felizmente ele resistiu e veio ter com a caravana”.
São constatações obtidas durante a “Caravana Jurídica”, uma iniciativa de assistência às vítimas de terrorismo em Cabo Delgado, levada a cabo por esta instituição ensino superior em parceria com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados”, disse Fanito Salatiel, um dos co-autores do relatório.