O especialista em emergências sanitárias da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, disse, esta segunda-feira, que cerca de uma em cada 10 pessoas terão sido expostas ao novo coronavírus.
Cerca de 780 milhões de pessoas, muito acima dos 35 milhões de casos oficialmente confirmados desde o início da pandemia, o que significa que 90% da população mundial continua em risco.
“As nossas estimativas apontam para que 10% da população mundial tenha sido infetada por este vírus. Varia dependendo do país, de se a região em análise é rural ou urbana, e da idade e características de cada grupo social mas a maioria da população continua em risco”, disse.
Mike Ryan deixou ainda uma crítica velada à China, mencionando a “falha” em fornecer informação atempada e precisa sobre o surgimento do novo coronavírus. Em resposta, cita a Reuters, Zhan Yang, da Comissão Nacional de Saúde chinesa, garantiu que “a China sempre foi transparente e responsável a cumprir as suas obrigações internacionais”.
De acordo com Mike Ryan, os surtos continuam a surgir em partes do Sudeste Asiático e estão subir o número de casos e óbitos em várias zonas da Europa e do Mediterrâneo Oriental.
“Não estamos no caminho errado, mas precisamos de andar mais depressa”
Numa intervenção na abertura de uma sessão especial do Conselho Executivo sobre a resposta ao SARS-CoV-2, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, vincou a necessidade de acelerar a reforma da instituição ao nível da gestão de emergências, sem deixar de defender o trabalho efetuado no combate à pandemia.
Tedros Ghebreyesus valorizou a reforma que implementou nos últimos três anos na OMS, que tinha sido acusada de subestimar a extensão da crise do Ébola na África Ocidental entre finais de 2013 e 2016. No entanto, esse trabalho não o impediu de apelar a uma reforma mais rápida da organização sediada em Genebra para a tornar ainda mais eficaz.
“Não estamos no caminho errado, mas precisamos de andar mais depressa. A pandemia é um despertar para todos nós”, disse ele, sublinhando: “Todos precisamos de nos olhar ao espelho e perguntar o que podemos fazer melhor”.
Esta reunião extraordinária de dois dias do Conselho Executivo da OMS, que reúne representantes de 34 países eleitos para um mandato de três anos e é responsável pela preparação e implementação das decisões dos membros da organização, é apenas a quinta na sua história.
Foi convocada pela OMS em resposta a uma resolução aprovada pelos estados membros da União Europeia em maio, que pediram uma “avaliação independente” da resposta à pandemia.
“O mundo precisa de um sistema robusto de revisão pelos pares. Encorajamos os países a apresentarem novas ideias. Temos de estar abertos à mudança e temos de implementar mudanças agora”, finalizou o diretor-geral da OMS