Politica Polícia apreende equipamento electrónico de ex-deputados da Renamo

Polícia apreende equipamento electrónico de ex-deputados da Renamo

Uma equipa do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) fez buscas e apreendeu vários equipamentos electrónicos nas residências dos antigos deputados da Renamo, Manuel Bissopo e Sandura Ambrósio, na província de Sofala, um dia antes do inicio do julgamento deste último por conspiração contra o Estado, num caso que se suspeita seja financiador da autoproclamada Junta Militar da Renamo.

Manuel Bissopo confirmou à VOA a apreensão de aparelhos de telefones celulares e computadores.

Os analistas moçambicanos, Sansão Nhancale e Martinho Marcos, consideram que apreensão do equipamento eletrónico nas casas dos ex-deputados, na véspera do julgamento, pode ter resultado nos erros de perícia na construção do processo, o que vai refletir na sentença do caso.

Para Sansão Nhancale, o equipamento eletrónico “poderá inocentar ou provar o envolvimento destes no processo de conspiração contra o Estado”.

Já o politólogo e docente universitário, Martinho Marcos, que considerou não extemporânea a busca e apreensão feita na casa dos ex-deputados, entende que a acção da Polícia “pode ter também motivações políticos, de apurar as novas ligações dos antigos deputados após perderem cargos de chefia na Renamo”.

Sandura Ambrósio é o único ex-deputado da Renamo preso, de todos os antigos e atuais parlamentares arrolados como suspeitos de terem ligação e financiar a autoproclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, um antigo estratega militar do líder da Renamo, Afonso Dhlakama.

Na sexta-feira, 10, o Tribunal Judicial Distrital de Dondo iniciou o julgamento dos seis arguidos em prisão preventiva desde janeiro: quatro recrutas, um recrutador e um financiador.

No primeiro dia, o juiz apenas ouviu dois arguidos, estando previstas novas audições na quarta-feira, 15, e sexta-feira, 17, naquele tribunal.

No inicio do julgamento, o ouiz do processo querela, Carlitos Teófilo, pronunciou como co-autores moral e material os seis arguidos, acusados por crime de actos preparatórios de conspiração contra segurança de estado.

Entretanto, José Capassura, advogado de defesa, disse ter chamado a atenção para erros de perícia no processo e esperava uma abstenção por parte do Ministério Público, que avançou com a acusação.

“Em sede da audiência, discussão e julgamento, tanto em sede dos autos, existe uma grande contradição, relativamente ao despacho de pronúncia e o despacho de acusação, bem como o relatório pericial que se junta ao processo”, sustentou José Capassura.

O processo iniciou em janeiro, após a detenção de suspeitos recrutas que iam integrar a autoproclamada Junta Militar da Renamo em Sofala e Zambézia.

No mesmo mês, além da detenção de Sandura Ambrósio, foram ouvidos na Procuradoria provincial de Sofala, o antigo secretário-geral, Manuel Bissopo, e em paralelo, na Procuradoria-Geral, em Maputo, foram ouvidos Elias Dhlakama, irmão mais novo de Afonso Dhlakama, os deputados António Muchanga, José Manteigas e a antiga chefe da bancada na Assembleia da Republica, Ivone Soares.