“Se em tempos normais, o sistema de saúde local é altamente frágil, com a Covid-19 pode colapsar”, alertaram as Nações Unidas num relatório sobre o impacto socioeconómico da Covid-19 no país.
O sistema de saúde da Guiné-Bissau pode colapsar devido à pandemia do novo coronavírus, que já infectou quase 1.200 pessoas no país e provocou oito vítimas mortais, alertam as Nações Unidas.
“Se em tempos normais, o sistema de saúde local é altamente frágil, com a Covid-19 pode colapsar”, adverte um relatório sobre o impacto socioeconómico da Covid-19 na Guiné-Bissau, divulgado pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento.
Segundo dados do relatório, a Guiné-Bissau tem o segundo sistema de saúde mais frágil do mundo, a seguir à Somália, e tem várias doenças infecciosas, incluindo os valores mais altos de prevalência de sida e tuberculose da África Ocidental.
“Este é o resultado de décadas de pouco investimento no sistema de saúde”, pode ler-se no relatório.
No relatório salienta-se que a comunidade internacional está a tentar equipar o país com o material necessário, apesar da escassez existente no mercado internacional.
“A disseminação da Covid-19 na Guiné-Bissau é difícil de conter”, alerta o relatório, salientando que o Laboratório Nacional de Saúde Pública tem dificuldade em fazer testes diários devido à rápida propagação da doença.
Para o aumento de casos de infecções por Covid-19 na Guiné-Bissau, segundo o documento, contribuem também o estigma social associado à doença e as dificuldades económicas da população para cumprir com o isolamento e quarentena e a crise política que está a criar uma “profunda desconfiança” no sistema e controlo públicos.
Segundo o documento, a falta de investimento no setor da saúde, aliada a infraestruturas precárias e a greves constantes, “constituem obstáculos substanciais a intervenções de resposta adequadas para impedir a propagação do vírus“.
“Como o sistema de saúde é frágil, não atinge a maior parte da população, está fadada ao colapso assim que houver transmissão comunitária”, salienta-se no documento.
Na Guiné-Bissau há um médico por quase 6.000 habitantes, não há especialistas em unidade de cuidados intensivos e a produção de oxigénio não é assegurada no principal hospital do país, o Hospital Nacional Simão Mendes. Fora da capital guineense ainda não existe um estabelecimento hospitalar preparado para tratar casos de Covid-19.