Em cinco dias consecutivos, o grupo de insurgentes que tem promovido há mais de dois anos ataques contra cidades e aldeias na província moçambicana de Cabo Delgado atacou oito aldeias do distrito de Muidumbe, incluindo a sede onde tinha invadido e ocupado semana passada, e incendiou palhotas e barracas das populações, dois dias depois duma ofensiva das forças estatais e supostos militares sul-africanos, disseram à VOA vários sobreviventes.
Os insurgentes ocuparam a aldeia de Miangalewa, Xatia, Namacande, a sede do distrito de Muidumbe, Ntchinga – onde realizaram um comício popular semana passada – e a vila de Muatade, depois de três ataques as suas bases em Muidumbe e Mueda.
“Na semana passada não tocaram na população, mas desta vez há muitos que foram pegados por al-shabaab, até hoje domingo”, disse Idre Adamo, um morador de Muidumbe que conseguiu escapar para Macomia.
Os insurgentes registaram avanços notórios nas ultimas semanas, tendo tomado por horas e dias várias vilas das sedes distritais, onde erguiam bandeiras do Estado Islâmico (EI), atraindo simpatia da população com bens e dinheiro saqueados dos ataques.
“Nesses ataques não há militares (estatais) para responder o fogo. Muitos fugiram e a população está praticamente sozinha, por isso os al-shabaab ficam muito tempo nas vilas e até procuram os militares”, denunciou outro morador local que preferiu o anonimato.
Várias imagens postas a circular nas redes sociais mostram a destruição de estátuas de Jesus no mais importante e histórico edifício da igreja Católica em Cabo Delgado, no distrito de Muidumbe.