Internacional Africa Mutharika é candidato a novo mandato apesar de escândalo de corrupção

Mutharika é candidato a novo mandato apesar de escândalo de corrupção

O Presidente do Malaui, Peter Mutharika, aceitou hoje concorrer às próximas eleições presidenciais, previstas para 2019, e recandidatar-se a um segundo mandato, ignorando os apelos da oposição para a sua demissão por causa de alegados actos de corrupção.

A decisão de Peter Mutharika foi anunciada no final do congresso do Partido Democrático Progressista (DPP, força partidária do chefe de Estado), na cidade de Blantyre. Sem qualquer adversário declarado, o DPP decidiu apostar na recandidatura de Mutharika para defender as cores do partido nas eleições agendadas para maio do próximo ano.

Peter Mutharika tem estado nos últimos dias sob fortes críticas, após ter sido revelada uma investigação oficial do gabinete anticorrupção (ACB) sobre transacções suspeitas envolvendo o actual chefe de Estado do Maláui.

As autoridades suspeitam que o político terá recebido cerca de 195 mil dólares (cerca de 167 mil euros) em subornos de uma empresa que ganhou a adjudicação de um contrato público.

“Não estou a fazer isto para conseguir qualquer ganho pessoal”, declarou Peter Mutharika perante os militantes do DPP durante o discurso de aceitação da nomeação, sem mencionar diretamente o escândalo de corrupção.

“Na verdade, só recebo 40% do meu salário de 2,7 milhões de kwachas (cerca de 3,6 mil dólares mensais, cerca de três mil euros), o restante vai para o Governo”, frisou.

Durante a intervenção, Mutharika chegou mesmo a advertir os dirigentes do DPP que tiram proveito da sua posição para enriquecer.

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“Sei que alguns de vocês vão às empresas dizer que estão bem colocados no DPP e que isso pode ser bom para fazer negócios. Aviso-vos, é preciso parar com isso”, afirmou.

Eleito em 2014, Peter Mutharika tem vindo a ser cada vez mais contestado no Maláui, país pequeno em termos geográficos e empobrecido da África Austral.

Em Abril passado, milhares de pessoas desfilaram em várias cidades daquele país para protestar contra a corrupção, naqueles que foram os primeiros protestos antigovernamentais desde 2011.

Desde a divulgação da investigação oficial do ACB, na semana passada, tanto a oposição como a sociedade civil têm vindo a exigir a saída imediata de Peter Mutharika.

A ex-presidente do Maláui Joyce Banda (2012-2014), que também foi acusada de envolvimento num escândalo de corrupção e que será candidata às próximas eleições presidenciais pelo Partido Popular (PP), reagiu, entretanto, ao anúncio de Mutharika.

“Ele deve responder aos apelos para a demissão dos cidadãos do Maláui”, afirmou Joyce Banda, em declarações à agência noticiosa France Presse (AFP).

Em 2013, a então Presidente Joyce Banda foi envolvida num grande caso de corrupção, escândalo que levou à sua derrota eleitoral, em 2014, e que foi determinante para a eleição de Peter Mutharika.

Após quatro anos no exílio, Joyce Banda regressou ao Maláui em finais de Abril passado.

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