Politica Papel do Presidente de Moçambique em causa no caso das dívidas ocultas

Papel do Presidente de Moçambique em causa no caso das dívidas ocultas

O Centro de Integridade Pública (CIP) de Moçambique pôs em causa o papel do Presidente da República no caso das chamadas dívidas ocultas, assinalando que Filipe Nyusi era ministro da Defesa à altura dos empréstimos.

Aqui também se levanta uma questão. A de saber até que ponto o Presidente da República, ministro da Defesa na altura da contratação das dívidas, tem mãos limpas neste triste episódio da história de Moçambique“, indica uma análise do CIP à atuação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

O CIP questiona a alegada inacção de Filipe Nyusi na suposta recusa do anterior director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão, de passar informações sobre as dívidas ocultas ao seu sucessor, Lagos Lidimo.

Uma situação referenciada no sumário executivo da auditoria da Kroll às dívidas, divulgado na última semana.

Alicerça este receio em relação ao Presidente da República o facto de, na página 20, o indivíduo F, que se supõe ser o recém-nomeado director-geral do SISE, referir não lhe ter sido entregue até hoje nenhum documento relativo às empresas Ematum, Proindicus e MAM“, lê-se no texto.

O CIP alega que Lagos Lidimo pode ter mentido para proteger Filipe Nyusi do escândalo, uma vez que o Presidente da República é também o comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

Aquela entidade acusa a PGR de letargia na responsabilização dos autores das chamadas dívidas ocultas, frisando que a instituição não agiu em situações em que algumas entidades inquiridas se recusaram a colaborar com a firma internacional Kroll, que fez a auditoria.

A auditoria estava nas mãos da PGR, a quem cabia, inclusive, indicar as pessoas que julgasse necessário ouvir. Porque razão esta alta instituição do Estado tolerou as recusas do indivíduo A“, tal como referido na auditoria, “em colaborar com a Kroll”, questiona o CIP.

Face à postura da PGR, defende o CIP, o chefe de Estado deve posicionar-se em relação aos poderes que a Constituição da República lhe confere, de nomear e exonerar o titular daquele órgão.

A auditoria às dívidas ocultas de Moçambique deixou por esclarecer o destino dos dois mil milhões de dólares contraídos por três empresas estatais entre 2013 e 2014.

Notícias ao Minuto