Dois jornalistas europeus foram detidos na passada segunda feira no Parque Nacional do Limpopo, no sul do país, após serem confundidos com caçadores furtivos, afirmou à LUSA a adjunta da embaixada da Alemanha em Moçambique.
“O caso envolveu um jornalista alemão que reside em Massingir, província de Gaza e um sueco. Os dois encontravam-se no parque a realizar um trabalho de investigação sobre a caça furtiva, mas acabaram detidos”, afirmou Tanja Werheit.
O correspondente da revista alemã “Der Spiegel”, Bartholomaeus Grill e o foto-jornalista sueco, Tarbjoen Selander, caíram nas malhas da população da localidade de Mavondze, quando investigavam uma rede de caça ilegal naquela região.
“Fomos presos em Mavondze, uma pequena aldeia perto do Parque Nacional de Limpopo. Estávamos a procura do líder da caça ilegal na região”, contou Bartholomeus citado pela rede televisiva dinamarquesa “Two News”.
Os populares de Mavondze, desconfiando que se tratava de uma rede de caça ilegal, levaram os jornalistas ao posto policial da localidade, exigindo a sua detenção imediata.
Segundo o jornalista, o suposto líder de caça ilegal que investigavam possui uma rede composta por dez caçadores furtivos naquele parque, onde os lucros que advém do negócio são usados na comunidade.
De acordo com adjunta da embaixada no país, os jornalistas Bartholomeus e Selander só foram libertados na terça feira, mediante a intervenção das embaixadas da Suécia e da Alemanha.
“Em qualquer país do mundo, quando se tem um cidadão em problemas com as autoridades tratamos do assunto. Nós estamos em contacto com ele e com seu advogado” garantiu Tanja Werheit.
Segundo o relatório da World Wide Fund (WWF), cerca de 4000 rinocerontes foram abatidos ilegalmente em 11 países africanos no período de 2006 a 2014.
Cerca de 95% destes casos ,segundo o que diz o relatório, deram-se na África do Sul e no Zimbabwe,países que fazem fronteira com Moçambique, e são considerados como palco da caça furtiva na África Austral.
Só em 2014, no Parque Nacional de Gorongosa, as autoridades moçambicanas indicaram que cerca de seis mil animais foram mortos e 250 caçadores furtivos foram detidos.
Refira-se que em Moçambique as acções da caça furtiva são feitas em conivência com as autoridades locais.