O Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação (INDE), realizou na manhã de segunda-feira (17), a conferência para a elaboração da estratégia para Expansão do Ensino Bilingue em Moçambique, um ensino em duas línguas, normalmente, na língua materna (LM) e numa língua segunda (L2).
Falando durante a cerimónia, o docente da UEM, que apresentou o relatório da experiência piloto de Educação Bilingue no país, Carlos Manuel, disse que, no estudo feito, constatou-se que, o pressuposto de base subjacente na implementação do programa de ensino bilingue em Moçambique é a alfabetização inicial em língua materna (L1) que conduz a melhores resultados do que quando é realizada em língua segunda (L2)1.
“Na verdade, este programa surge em parte para fazer face às altas taxas de desperdício escolar que em muitos estudos, se associam ao facto de o Português ser o único meio de ensino, não obstante ser L2 para a maior parte dos alunos moçambicanos, sobretudo nas zonas rurais”, disse.
Segundo Manuel, a opção por um programa de ensino que privilegie o uso de línguas maternas, como é o caso do programa de ensino bilingue, não é em si só, condição suficiente para o sucesso escolar, e é imprescindível que aspectos como o modelo de ensino e as metodologias a adoptar sejam dos mais apropriados.
“Por outro lado, é importante que os beneficiários da iniciativa, alunos, pais e sociedade em geral, se identifiquem de alguma forma com o programa”, frisou.
Segundo o docente da UEM, de um modo geral, um programa de ensino bilingue contempla o desenvolvimento no aluno de habilidades linguísticas em L1 e L2, bem como o desenvolvimento de capacidades intelectuais, por via de disciplinas curriculares como Ciências Naturais, Matemática, Ciências Sociais, etc.
“Assim, para o sucesso do processo, é necessário garantir-se que as didácticas e os materiais adoptados no ensino de línguas tenham em conta o estatuto da língua ensinada. Por outro lado, é preciso garantir-se, entre outros aspectos, que o enfoque dado ao ensino das línguas não seja em prejuízo das outras disciplinas curriculares. Ou seja, o aluno do programa de ensino bilingue deverá ser exposto aos mesmos conteúdos programáticos que o aluno integrado no ensino regular”, explicou.
Questionado se no país existem condições para a expansão, Carlos Manuel disse haverem, não só porque no terreno e a comunidade querem isso, mas sim porque o trabalho anteriormente feito mostra essa necessidade.
“Nos locais onde visitamos, os resultados são melhores do que os do ensino monolingue, está a haver esses resultados sem que haja material e professores qualitativamente formados para todos”, referiu.
De referir que o projecto iniciou com 16 escolas sendo 10 piloto e seis não piloto e a nível nacional há acima de 1000 mil professores formados.