O coordenador do Fórum da 3ª idade, Conde Fernandes, denuncia que muitos idosos estão a morrer por falta de atendimento e medicamentos nos hospitais públicos. Em todo país, segundo a fonte, existem cerca de 1.800.000 idosos dos quais, 1.400.000 vivem no campo e são vulneráveis. Sobrevivem com 8 meticais por dia.
Acrescentou que em Moçambique existem dois médicos que conhecem e tratam doenças da 3ª idade. E o Fórum da terceira idade já apelou ao governo para providenciar dois médicos em cada província por forma a deslocar até aos distritos.
Conde Fernandes, que falava a semana, à margem da 15ª Sessão do Observatório de Desenvolvimento, disse que os idosos se queixam ainda de ruptura do stock de medicamentos de malária, de tuberculose, antibióticos e anti-retrovirais nas farmácias públicas.
“A interrupção dos anti-retrovirais e medicamentos de tuberculose nas farmácias estatais, tornam a doença resistente e conduz à morte aos cidadãos vulneráveis, que não podem adquirir estes fármacos nas farmácias privadas”, lamenta Conde.
Farmácias públicas
Rosalina Judite, também do Fórum da terceira idade disse que os idosos quando chegam aos hospitais ficam mais de duas sem serem atendidos. Depois do atendimento, segue o dilema para conseguir medicamentos.
Medicamentos na rua
Maria de Lurdes, da Plataforma de Montepuez diz que o Centro de Saúde de Montepuez, não foge à regra do que acontece noutras partes do país.
“Há graves problemas de falta de medicamentos. Até paracetamol não temos, mas na rua há medicamentos à venda. Na casa mãe espera, não há água nem camas”, disse sublinhando em Montepuez é “normal ir ao hospital com malária e voltar com tuberculose”.
Corrupção e má gestão
Armando Sucá, director nacional na Actionaid, disse que o desaparecimento de medicamentos nos armazéns e depósitos do Ministério de Saúde está relacionado com actos de corrupção e má gestão do próprio sistema de medicamentos.
“As farmácias não têm medicamentos, mas fora existem. Há algumas razões para que isto aconteça: corrupção, má gestão do próprio sistema de medicamentos, má fé por parte de alguns funcionários da saúde, roubos planificados de medicamentos do Sistema Nacional de Saúde desde os depósitos até aos hospitais para vender às farmácias privadas”, disse.
MISAU reconhece e promete soluções
A directora nacional adjunta de Planificação no Ministério de Saúde, Lídia Chongo, diz que o número de idosos está a aumentar e as preocupações relativas a saúde, também aumentam.
Segundo explicou, o Ministério de Saúde, vai começar este ano a implementar serviços pilotos de atendimento a pessoas da terceira idade. Isto significa que o sector de saúde em coordenação com várias organizações que trabalham na área do idoso e com outros sectores dentro do Governo, vão começar a trabalhar olhando particularmente para a área da terceira idade.
Sobre a falta de medicamentos nas farmácias, Lídia Chongo, disse que a medida que se desce para as unidades sanitárias, se nota uma fragilidade em termos de gestão de fármacos
“Se temos medicamentos no mercado paralelo, que não encontramos nas unidades sanitárias, então temos que olhar como está sendo feita a gestão de bens públicos. Chamem-nos atenção, porque isto é crime e tem tratamento a outros níveis”, disse.