Sociedade Criminalidade Mais de uma centena de barracas destruídas no “Xiquelene”

Mais de uma centena de barracas destruídas no “Xiquelene”

Mais de uma centena de barracas foram destruídas e outras incendiadas no Mercado Municipal da Praça dos Combatentes, também conhecido por mercado de Xiquelene e Mucoreano, numa operação que iniciou na noite da última sexta-feira e prosseguiu até sábado findo, envolvendo populares do bairro da Polana Caniço “B”, a Polícia da República de Moçambique (PRM), a Polícia Municipal da cidade de Maputo e as estruturas administrativas daquele bairro.

A destruição das barracas ocorre de uma decisão dos moradores daquele bairro, vizinhos do mercado, na sequência do assassinato no domingo da semana passada, 16 de Fevereiro, de um tenente militar na reserva e professor na Escola Secundária Noroeste 1, no distrito municipal de KaMaxaquene, que em vida respondia pelo nome de Manuel Chichava, residente próximo ao mesmo mercado.

Manuel Chichava foi morto por indivíduos desconhecidos até agora foragidos, depois de ter sido violentado, estando o crime ainda por ser esclarecido por parte das autoridades policiais, cujo posto policial fica a sensivelmente 100 metros do local onde ocorreu o assassinato. Trata-se de uma zona sem iluminação pública nas vias de acesso.

Trata-se de uma área que, para além de ser remota e sem iluminação, é propensa à venda de bebidas tradicionais, com teor alcoólico não prescrito, e drogas. Nalguns casos os assaltos ocorrem com recursos a armas de fogo.

Apesar da presença de três subunidades policiais, nomeadamente o Posto da PRM do Matcki-tchiki, localizado no mercado de Mucoreano, o posto do mercado de Xiquelene – ambos superintendem a zona e posto policial da Polana Caniço –, sem incluir a 12ª. Esquadra de Mavalane.

Tem sido raro durante à noite a presença de agentes policiais. Os poucos que ocasionalmente fazem rusgas durante à noite têm sido acusados de extorsão.

Em declarações ao Canalmoz, o porta-voz da Polícia Municipal de Maputo, Joshua Lai, disse que a operação resulta da decisão dos residentes que alegam que as barracas servem de esconderijo para os malfeitores concretizarem as suas investidas contra os transeuntes durante à noite.

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“A Polícia estava a acompanhar a operação para evitar que houvesse rixas entre os populares moradores e os vendedores donos das barracas. Mas não esteve envolvida nas destruições”, disse Joshua Lai.

Questionado sobre o destino dos proprietários das barracas destruídas, Joshua Lai disse que “eles não estão proibidos de vender, mas devem fazê-lo em sombras móveis (erguidos de manhã e desmontados à tarde) ou no chão, dado que as barracas têm vindo a servir de esconderijo de bandidos, segundo os populares”.

Por sua vez, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique, na cidade de Maputo, declarou ao Canalmoz que “a PRM como Polícia pública estava na operação para proteger as partes, evitando que houvesse confrontos ou resistência dos vendedores sobre a decisão dos moradores”.

Operações da Polícia Municipal

Entretanto, o porta-voz da Polícia Municipal, Joshua Lai, deu a conhecer que pelo menos duas viaturas de transporte escolar foram apreendidas e parqueadas também na última sexta-feira, por falta de livretes, licença, fichas de inspecção e seguros.

“Embora a medida tenha afectado os alunos, dado que tinham todos contratos assinados, não havia outra alternativa para a Polícia a não ser parquear as viaturas, devido à falta de condições acima descritas”, explicou o agente Lai.

Por outro lado, ainda de acordo com a mesma fonte, 39 viaturas igualmente de transporte escolar foram autuadas e multadas na última sexta-feira devido à falta de cartas de condução de profissional público por parte dos respectivos condutores.

Ainda de acordo com Joshua Lai, decorrem neste momento operações policiais visando a retirada de plástico fumado em vidros de viaturas de transporte escolar.

“Não fica bem as crianças serem transportadas em carros com vidros fumados. Por outro lado, queremos apelar aos pais e encarregados de educação a prestarem atenção, no acto da assinatura dos contratos, se as empresas oferecem ou não todas as condições exigidas para o exercício de transporte escolar”, concluiu o mesmo porta-voz da Polícia Municipal em declarações ao Canalmoz no último domingo.