O líder comunitário do povoado de Manhique, no Posto Administrativo de Pembe, no distrito de Homoíne, na província de Inhambane, disse em público que andavam na zona “homens armados da Renamo” e, consequentemente, os residentes locais entraram em pânico e começaram a abandonar as suas casas em debandada.
A Reportagem do CanalMoz foi ao local e constatou que ninguém viu de facto os tais “homens armados da Renamo”. A nossa reportagem nem viu militares ou agentes da FIR a patrulharem a região. Nem em Pembe, nem nas zonas circunvizinhas de Pembe, nem no trajecto, alguém nos disse que viu os tais homens armados.
O CanalMoz confirmou que “a informação dos homens da Renamo veio do senhor Siquelane Manhique que é o líder comunitário” do povoado de Manhique.
Silva Nhanombe, residente em Pembe há vários anos, disse à nossa Reportagem que ele pessoalmente não viu os tais “homens armados da Renamo” a circularem na aldeia. Referiu, que foi o líder comunitário (Siquelane Manhique) que se reuniu com os residentes locais, no dia 02 do corrente mês, para dar a informação da existência na zona de homens armados da Renamo.
“O líder comunitário é que veio dizer à população que “homens da Renamo” estão perto do povoado, e que se encontraram com eles e pediram uma cabeça de gado alegando que estavam com fome, e dai ele disse que seria melhor abandonarmos o local e levar nossos bens porque podem vir nos roubar e matar”, explicou ao Canalmoz Silva Nhanombe.
Luís, outro residente em Pembe, também nos disse peremptoriamente que a informação da existência dos “homens da Renamo” naquela região foi transmitida pelo líder comunitário Siquelane.
“O líder disse que se encontrou com eles e veio dizer que os homens a Renamo já estão no terreno e o que falta é só fazerem acção, por isso estamos a fugir para quando eles aparecerem não encontrarem a ninguém”, contou-nos.
Enquanto a informação circulava na zona de Manhique, o líder local viajou e a população ficou a crer da existência “dos homens da Renamo” e logo também começou a abandonar a zona. As outras zonas bem próxima souberam da informação e também optaram por levar os seus bens antes da invasão dos supostos “homens da Renamo” que dizem que “dialogaram com o líder comunitário de Manhique”.
Vitória André Zandamela, idosa residente em Nhaulane, disse à nossa reportagem: “Eu pessoalmente não vi os homens da Renamo em Nhaulane, só estou ver gente a abandonarem as casas e a dizerem que se ficarmos a Renamo vai nos matar, por isso também levei as minhas coisas e vou em casa do meu filho na Maxixe”. “Mas dizem quem viu os homens com arma foi o régulo de Manhique”, acrescentou Victoria Zandamela.
Em Pembe a situação é critica devido a essa informação que circula, mas ninguém viu de facto os tais “homens armados da Renamo”. “Ninguém quer morrer ou ouvir só de armas”, diz-nos Mário Massango. Conta-nos que já viveu momentos dramáticos e caótico no tempo da guerra civil dos 16 anos por isso mesmo sem ter visto os homens a Renamo com armas ele acredita na informação do régulo e por isso estava a levar a sua família e bens para o distrito de Massinga.
“Eu não tenho provas concretas disso só que muita gente saiu e eu decidi também sair”.
Questionado se viu os tais homens a circularem na vila ele afirmou: “Eu não vi ninguém com arma. Mesmo em Tsambi, onde faço o meu negócio, ninguém tem a máxima certeza que os da Renamo estão aqui”, revelou Mario Massango.
Comércio encerrado
Durante nossa presença no posto administrativo de Pembe durante a tarde do último sábado e principio da manhã de domingo não havia qualquer actividade comercial. Recordamo-nos que se estava no período de tolerância de ponto decretado pela ministra do Trabalho. No entanto ali a razão era outra.
Arnaldo Xavier Matsimbe, proprietário de um estabelecimento comercial, encontrá-mo-lo a evacuar os seus produtos para a vila de Homoíne. Disse-nos que “as pessoas como estão a fugir com medo da guerra, por isso eu também estou a levar os produtos para deixar em casa da minha irmã na sede do distrito, porque as pessoas estão a dizer que os homens da Renamo foram vistos em casa do líder quando vinham pedir cerimónia tradicional para serem recebidos aqui na zona. Eu como não estava, por isso não posso confirmar isso.”
Medicamentos do Centro de Saúde retirados
No centro de saúde local só ficaram as bases das camas. Todo o material médico foi levado para a Direcção Distrital de Saúde de Homoíne.
A nossa reportagem deparou com a enfermeira de Serviços materno infantil, Valória de Gabriel, a transportar caixas de medicamentos e outros derivados para fora do hospital, “à espera da viatura que vinha da direcção distrital de saúde de Homoíne”.
Líder comunitário em parte incerta
Para apurarmos a veracidade da informação que o líder comunitário do povoado de Manhique, Siquelane Manhique, terá posto a circular a ponto de colocar a população em pânico, a nossa reportagem deslocou-se até à sua zona. Disseram-nos que ele encontra se ausente da zona e ninguém sabe onde se encontra.
Levámos o seu contacto telefónico e não o conseguimos contactar porque o seu telemóvel está desligado. Mais informações sobre o pânico em Homoíne na edição impressa do semanário Canal de Moçambique que sai a rua esta quarta-feira.