A directora da Escola Primária Completa de Bagamoio, no Distrito Municipal KaMubucuane, Laura Mbalate, é acusada de ter vendido uma parte do recinto escolar que culminou com a destruição de uma parte do muro da escola para a instalação de um contentor de venda de produtos diversos.
Fontes daquele estabelecimento de ensino que procuraram o Canalmoz para denunciar o que apelidaram do “cúmulo da arrogância da Mbalate”, disseram que ela não colabora com ninguém na escola, desde professores até ao pessoal da secretaria.
“Admiramos como é que a chefe da secretaria aparece metida neste negócio, porque a directora faz tudo sozinha. Ela já fez sumir cerca 8 mil euros doados por uma escola alemã que está geminada a esta. Agora aparece a exigir aos encarregados de educação para cada um trazer um bloco para se fazer muro”, desabafam as nossas fontes que falaram em anonimato.
Denunciaram ainda que quando há balanço, não há apresentação de contas. Esta situação – sustentam – fez com que Gilda Bambo, que era directora pedagógica, se demitisse das funções de directora pedagógica em 2011, passando a trabalhar na Escola Secundária Heróis Moçambicanos.
“Convidamos a inspecção de educação para que venha trabalhar nesta escola. Não há colaboração a todos os níveis. A chefe de secretaria apenas é uma figura”, disseram.
Suspensão das obras
O director distrital de Educação Juventude e Tecnologia no KaMubucuane, Tiago Mahumane, disse que quando ouviu falar desta situação mandou suspender as obras.
“Interditamos e tudo está parado. Ninguém veio reclamar o contentor. Hoje (sexta-feira) estamos a terminar com a semana de avaliações e não podíamos perturbar. Mas, entendemos que há qualquer coisa entre a direcção da escola e os donos do contentor”, disse Mahumane.
Factos no terreno
Manuel Julião, técnico pedagógico do ensino secundário afecto à Direcção Distrital de Educação Juventude e Tecnologia de KaMubucuane, foi despachado para apurar os factos no terreno.
Em contacto com o Canalmoz disse que o esquema foi montado para que as obras decorressem durante o fim-de-semana. “Quando fui alertado numa segunda-feira, fui à escola e vi que o muro de vedação estava partido. Ouvi barulho de maçarico, enquanto decorriam aulas. Mandei parar e dei prazo de 48 horas para a remoção do contentor e a reposição do muro partido”, disse.
Explicou que expirado o prazo sem que nada das recomendações deixadas tivessem sido cumpridas, procurou a directora da escola, mas esta não se fazia presente na escola. Contactou o pedagógico que, por sua vez, disse que o assunto foi tratado pela directora e que não sabia de nada.
“Depois de alguns dias, consegui falar com a directora, e confirmou ter autorizado a ocupação do espaço. Negou ter feito qualquer cobrança, ou celebrado um contrato. Nós como direcção mandamos suspender as obras e encaminhamos o caso à Direcção de Educação da cidade de Maputo, que deverá decidir em última estância”, disse Julião.
Secretário do bairro preocupado
O secretário do bairro de Bagamoio, Luís Tchembene, disse ser preocupante quando uma direcção de uma escola pública autoriza a demolição de um muro para instalar um contentor de venda de produtos alimentares.
“A direcção da escola cedeu alguns metros para se montar um contentor. Sei dizer que o dono é um moçambicano. Aquele espaço é público e o contentor deve ser removido. Se a ideia fosse uma papelaria ou lanchonete, talvez podíamos aceitar”, disse.
Frelimo atenta
Sendo os directores das escolas “obrigatoriamente” membros do partido Frelimo, o Canalmoz ouviu o primeiro secretário do Partido Frelimo a nível do distrito KaMubucuane, Fernando Cuna, que disse que depois de alertado sobre este assunto deslocou-se ao terreno para ver “in loco”.
“Fui ver e reportei o episódio a quem é de direito. O assunto já está a ser tratado pelas entidades competentes”, disse Cuna que antes de ascender ao primeiro secretário do partido Frelimo dirigiu por longos anos Bagamoio, como secretário do bairro.
Canal Moz