O administrador distrital de Mopeia, João Zamissa, disse há dias à nossa Reportagem que o actual estado das estradas condiciona o desenvolvimento, visto que os produtores têm dificuldades de aceder aos mercados e os proprietários das viaturas não arriscam muito em levar os seus meios para o interior.
Questionado a propósito como o Governo pensa em resolver a problemática da comercialização, João Zamissa afirmou que os produtores não têm problemas de mercado nem de preços, mas o grande nó de estrangulamento continua a ser as estradas para o interior, cuja reabilitação ou manutenção periódica é bastante onerosa e a nível local não há capacidade para esse efeito.
Aquele dirigente disse que o distrito recebe anualmente 1.200 mil meticais para as infra-estruturas, incluindo as estradas. Todavia, o nosso entrevistado disse que o montante tem sido aplicado para intervenções pontuais e construção e reabilitação de edifícios para o funcionamento da máquina administrativa.
O distrito de Mopeia, localizado no Vale do Zambeze, tem um total de 427 quilómetros de estradas, dos quais 120 são da Estrada Nacional Número Um (EN1), 55 da rede secundária e 252 das vias terciárias. É sobretudo nos dois últimos tipos de estradas onde reside a maior preocupação do Executivo distrital de Mopeia.
O administrador de Mopeia disse que devido ao mau estado de muitas vias de acesso e a destruição de algumas pontes pelas enxurradas dos anos anteriores a este, há regiões para garantir a assistência da população em programas de educação, saúde e administração pública percorrem-se mais de 90 quilómetros, quando essa distância poderia ser feita em menos de 45 quilómetros.
A título de exemplo, o nosso entrevistado indicou o posto administrativo de Chimuara, onde para assistir a população local tem que deslocar-se 90 quilómetros, mas com a reconstrução de uma ponte que desabou há vários a distância seria encurtada para metade.
Entretanto, o outro desafio para o Executivo de Mopeia é a reabilitação dos diques de protecção. Quando o rio Zambeze aumenta de caudal, as águas galgam e inundam as machambas dos produtores, destruindo as culturais alimentares e de rendimento.
O administrador de Mopeia, que falava à nossa Reportagem por ocasião de 67.º aniversário de elevação daquela região à categoria de vila, afirmou que o pensamento estratégico do seu Executivo é transformar as cheias e inundações em oportunidades de desenvolvimento agrário, porque segundo explicou, os dois fenómenos climáticos não podem continuar a semear desgraça no seio das famílias.
O distrito de Mopeia ocupa uma extensão de 7761 quilómetros quadrados, o que corresponde a sete por cento do território da província da Zambézia. Mopeia foi descoberta na fase das companhias em que a região fazia parte da companhia do Zambeze.
Os ingleses e holandeses foram contratados pela coroa portuguesa para a montagem de uma fábrica de açúcar que se chamava Sena Sugar States, Limitada. A zona era controlada pelas companhias, as quais tinham toda a autoridade político-administrativa. No período pós-colonial, apesar da sua elevação à categoria de vila, o seu desenvolvimento não foi notável como hoje, apesar do seu enorme potencial de recursos naturais, nomeadamente, terras agricultáveis, pesca nas águas do interior, madeira de alto valor comercial e turismo cinegético. As primeiras aldeias resultaram de cheias ocorridas em 1978.